Mercado de açúcar mantém viés baixista, avalia Hedgepoint
18-11-2025

Oferta global mais abundante, impulsionada por Brasil, Índia e Tailândia, sustenta tendência baixista para o alimento

Os preços internacionais do açúcar seguem pressionados, com o contrato bruto março/26 renovando em novembro a mínima de cinco anos, a 14,04 c/lb, e o açúcar branco dezembro/25 caindo para US$ 406 por tonelada, o menor nível desde dezembro de 2020. Embora ambos tenham mostrado leve recuperação após a reabertura do governo dos Estados Unidos, a Hedgepoint avalia que o impulso macroeconômico é limitado diante de fundamentos claramente baixistas para a safra 2025/26.

A expectativa de superávit global decorre, em grande parte, do desempenho da região Centro-Sul do Brasil no segundo semestre da safra. A moagem se recuperou após julho e a produção acumulada de açúcar já supera a do ciclo anterior.

“Mesmo com ATR abaixo da média, a moagem ganhou ritmo e mantemos projeção de 605 milhões de toneladas de cana, levemente abaixo de 2024/25”, afirma Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado de Café. Com o mix açucareiro sustentado, apesar da recente melhora de paridade do etanol, a Hedgepoint projeta 40,9 milhões de toneladas de oferta no ciclo, segundo a analista Carolina França.

A queda do petróleo limita a migração para o etanol, reduzindo a probabilidade de mudanças significativas no mix, ainda que alguns ajustes regionais possam ocorrer em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Brasil, porém, não é o único vetor de expansão da oferta. A Hedgepoint destaca que os principais produtores do Hemisfério Norte devem entregar uma safra forte em 2025/26, favorecidos por clima positivo.

Na Tailândia, boas condições durante o desenvolvimento da cana sustentam a projeção de cerca de 10 milhões de toneladas. A consultoria acompanha os possíveis impactos de La Niña sobre o ritmo de colheita, mas mantém cenário construtivo.

A Índia também deverá aumentar a produção, estimada pela ISMA em 30,95 milhões de toneladas, incluindo desvio de 3,4 milhões para etanol. A ligeira alta de 0,4% na área plantada, combinada a chuvas regulares, bons níveis de reservatório e melhora varietal, sustenta a perspectiva. O governo autorizou 1,5 milhão de toneladas em exportações para 2025/26, volume que pode sofrer ajustes conforme preços domésticos e internacionais.

Com a maior disponibilidade global, incluindo a volta da Índia ao mercado exportador, a oferta tende a compensar a entressafra brasileira nos próximos meses.

“Projetamos uma oferta robusta, algo já refletido no fluxo comercial. O aumento da disponibilidade de outras origens deve neutralizar limitações sazonais do Brasil. O consenso aponta para excedente em 25/26, restringindo ganhos relevantes de preços”, afirma Carolina França.

A combinação de fundamentos confortáveis e ausência de choques de oferta mantém o mercado sob pressão, apesar de eventuais repiques ligados ao ambiente macroeconômico.