Mercado de capitais ganha relevância no agro e deve ampliar participação nos próximos anos
12-08-2025

24º CBA destaca potencial de crescimento de instrumentos como Fiagro e CRA, além de novas iniciativas para ampliar acesso e financiar a cadeia produtiva

O mercado de capitais tem se consolidado como uma alternativa estratégica para financiar o agronegócio brasileiro, oferecendo instrumentos que impulsionam a produção de alimentos, fibras e energias renováveis. Essa foi a principal mensagem do painel “Agrobrasil com Crescimento Sustentável: Financiamento e Mercado de Capitais”, realizado nesta segunda-feira (11) no 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) em parceria com a B3, em São Paulo – SP.

Para Luiz Masagão, vice-presidente de Produtos e Clientes da B3, o avanço recente é expressivo, mas ainda há amplo espaço para crescimento. “O Fiagro e o CRA representam cerca de 3% do mercado de capitais. Há um campo enorme para expansão e estamos desenvolvendo ferramentas e ajustes de contratos para fortalecer a infraestrutura da cadeia e agregar valor ao mercado brasileiro”, afirmou.

O superintendente de Securitização e Agronegócio da CVM, Bruno Gomes, destacou que a autarquia avalia ampliar o acesso, hoje restrito a pessoas jurídicas, para produtores pessoas físicas com balanço auditado e critérios de governança, além de cooperativas.

Na visão de Bruno Santana, CEO da Kijani Investimentos, o setor financeiro aprendeu a enxergar o protagonismo do agro. “Em 2024, entendemos o ciclo do agro, o que acelerou o mercado de capitais. 2025 é um ano de amadurecimento da legislação e vejo 2026 com cenário muito promissor”, analisou.

Com 650 mil investidores e R$ 44 bilhões de patrimônio líquido, o Fiagro foi apontado como peça-chave para expandir a securitização. Flavia Palacios, diretora da ANBIMA, ressaltou que “há espaço para crescimento desde que haja dados consistentes e educação financeira para embasar decisões dos investidores”.

O cooperativismo de crédito foi lembrado por Raphael Silva de Santana, do SICOOB, como elo fundamental para aproximar o produtor do mercado de capitais. “O protagonismo é do produtor, e o cooperativismo estará presente para ajudá-lo a acessar esse mercado”, afirmou.

O evento também marcou a entrega de homenagens: o Embaixador Alexandre Parola recebeu o Prêmio Ney Bittencourt de Araújo – Personalidade do Agronegócio, enquanto a ex-ministra Izabella Teixeira foi laureada com o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade.