Mercado de CBios ganha novo fôlego com a Lei do Combustível do Futuro e cenário atual
06-11-2024

Itaú BBA destaca avanços no monitoramento do mercado de CBios com novas metas de longo prazo

A sanção do Projeto de Lei "Combustível do Futuro" em outubro marca um avanço significativo na incorporação de biocombustíveis à matriz energética brasileira. A lei não apenas eleva os percentuais de biocombustíveis na gasolina e no diesel, mas também incentiva o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para aviação (SAF), diesel verde, biometano e tecnologias de captura de carbono.

O Radar Agro, relatório mensal divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, com o Monitoramento RenovaBio de novembro, no qual analisam o efeito da lei "Combustível do Futuro" sob o mercado de CBios, mostra que essa medida deverá ter um efeito gradual e prolongado na ampliação da oferta de CBios, consolidando o objetivo do RenovaBio de promover uma matriz de transporte menos poluente e mais sustentável. Estima-se que, ao longo dos próximos 10 anos, a meta de crescimento anual para a emissão de CBios será de 9%.

Apesar de uma perspectiva promissora, a experiência com o programa evidencia desafios no cumprimento de metas ambiciosas. A exemplo de 2020, em que a meta projetada para 2024 era de 66,9 milhões de CBios, revisões sucessivas ajustaram essa projeção para 38,8 milhões de CBios até dezembro de 2023.

“Este ajuste reflete a necessidade de um ambiente regulatório favorável ao uso estrutural de biocombustíveis. Com o respaldo da nova legislação, o cenário regulatório promete melhorar a estabilidade e a viabilidade das metas de longo prazo do RenovaBio, o que fortalece o compromisso do Brasil com a descarbonização do setor de transportes”, analisa o banco.

Em outubro, os preços dos CBios subiram 5%, encerrando o mês a R$ 83,5. Embora esse valor ainda esteja 7% abaixo da média anual de 2024, a tendência de alta representa uma recuperação após oito meses de queda nos preços. O volume de transações também registrou um aumento expressivo, com 10,3 milhões de créditos negociados em outubro – um acréscimo de 21% em relação ao mês anterior, atingindo o maior volume mensal de 2024.

Segundo dados da B3, a emissão de CBios em outubro atingiu 4,22 milhões de créditos, representando um crescimento de 32% em comparação com o mesmo período de 2023. No acumulado do ano até 31 de outubro, a emissão totalizou 35,2 milhões de CBios, uma expansão de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os estoques de créditos de descarbonização chegaram a 28,5 milhões de CBios ao fim de outubro, com um aumento de 0,2 milhões em relação ao início do mês, consolidando um total de 16,2 milhões nas mãos dos agentes obrigados.

Até outubro, a parte obrigada já aposentou 14,3 milhões de CBios para cumprir a meta de 2024, restando ainda 32,8 milhões de CBios do total exigido, o que equivale a 70,6% do objetivo para o ano. O Decreto 11.141/22 estabeleceu a data de 31 de dezembro como prazo para o cumprimento das metas anuais, após revisão do Ministério de Minas e Energia (MME).