México eleva tarifas de até 210% sobre o açúcar para proteger a indústria nacional
12-11-2025

Medida faz parte do ‘Plano México’, programa da presidente Claudia Sheinbaum voltado a impulsionar a economia e fortalecer a produção interna

O governo do México anunciou um forte aumento nas tarifas de importação de açúcar, que poderão chegar a 210% para países sem acordos comerciais com o país. A decisão integra o ‘Plano México’, iniciativa da presidente Claudia Sheinbaum voltada a estimular o crescimento econômico por meio da valorização da produção doméstica.

Segundo publicação no Diário Oficial, as novas tarifas, que passam a valer nesta terça-feira (12), abrangem açúcar de cana, açúcar refinado líquido, açúcar de beterraba e xaropes. As alíquotas, que variam entre 156% e 210%, têm o objetivo declarado de evitar “distorções” no comércio internacional e conter os efeitos da queda dos preços globais.

Até então, o governo mexicano aplicava tarifas equivalentes a cerca de US$ 0,36 por quilo sobre algumas importações do produto, conforme informações divulgadas pela Bloomberg.

O Ministério da Agricultura do México manifestou apoio à medida, destacando que o aumento busca proteger empregos e fortalecer a produção nacional diante do excesso de oferta e da desvalorização do açúcar no mercado internacional.

“As tarifas de importação foram atualizadas para resguardar o setor produtivo, de acordo com os compromissos internacionais do país”, informou o ministério em nota publicada na rede X (antigo Twitter).

A nova política tarifária afeta principalmente países que não possuem acordos comerciais vigentes com o México, como o Brasil, um dos maiores exportadores de açúcar do mundo.

O setor agrícola mexicano, que tem nas exportações de abacates e tomates dois de seus principais pilares, mantém há décadas um intenso comércio bilateral de açúcar.

A decisão ocorre em meio às negociações entre México e Estados Unidos sobre o acordo de livre comércio que inclui também o Canadá (USMCA), cuja revisão está prevista para o próximo ano. A economia mexicana enfrenta incertezas decorrentes das tarifas impostas periodicamente pelos EUA a produtos como aço e automóveis, o que contribuiu para uma leve retração do PIB no terceiro trimestre.

No fim de outubro, o presidente americano Donald Trump prorrogou a isenção de tarifas adicionais a produtos mexicanos, gesto interpretado como um sinal de disposição para um acordo mais amplo com o governo Sheinbaum.

Enquanto as conversas comerciais avançam, o plano da presidente de aplicar tarifas elevadas sobre importações chinesas foi postergado, ao menos até dezembro. A proposta enfrenta resistência tanto do setor privado mexicano quanto de membros do partido governista, o que tem atrasado o debate no Congresso.

Fabricantes locais alertam que o aumento das tarifas poderia encarecer significativamente os custos de produção, já que boa parte do parque industrial mexicano depende de maquinário, insumos e componentes vindos da China.