Moléculas inovadoras contribuem para o maior controle da cigarrinha
22-09-2021
Uso contínuo de um mesmo modo de ação remove seletivamente indivíduos suscetíveis, mantendo na população os resistentes, que sobrevivem à aplicação do inseticida e se multiplicam entre si
Leonardo Ruiz
Uma das principais pragas que afetam o sistema de produção de cana-de-açúcar no Brasil, a cigarrinha-das-raízes, pode estar se tornando resistente a maioria dos inseticidas disponíveis no mercado. E o grande “culpado” é o próprio segmento, que insiste na utilização das mesmas moléculas para controle ano após ano.
É o que alertou a pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Leila Luci Dinardo-Miranda, nesta quarta-feira (08) durante evento on-line promovido pela IHARA para divulgação dos resultados dos inseticidas MAXSAN e DINNO.
Durante o encontro, ela explicou que uma população de pragas de determinada área tem uma variabilidade genética natural, onde a maioria dos insetos são suscetíveis aos inseticidas e bem poucos são resistentes. Ao aplicar um defensivo, grande parte dos suscetíveis são eliminados, enquanto apenas alguns sobrevivem. Já os resistentes irão todos sobreviver. Eles, por sua vez, se acasalarão entre si, deixando uma quantidade maior de descendentes resistentes na área.
No ano seguinte, o mesmo inseticida é aplicado novamente. O processo ocorrerá da mesma forma. A maioria dos suscetíveis morre, poucos sobrevivem, mas todos os resistentes permanecem. Ocorrem novos acasalamentos e a população de resistentes crescerá mais uma vez. Perpetuado esse cenário por anos consecutivos, chegará um determinado momento em que o número de resistentes suplantará o de suscetíveis. Ao aplicar o inseticida de sempre, não haverá controle.
Leila Luci Dinardo-Miranda: “Ao usarmos constantemente o mesmo produto, acabamos por selecionar indivíduos resistentes, sendo que sua frequência aumentará exponencialmente na população”
Foto: Leonardo Ruiz
“Ao usarmos constantemente o mesmo produto e o mesmo modo de ação, acabamos por selecionar indivíduos resistentes, sendo que sua frequência aumentará exponencialmente na população. Em consequência, o inseticida se torna menos eficiente”, afirmou a pesquisadora do IAC.
Para evitar que os insetos desenvolvam resistência aos inseticidas, Leila recomendou uma mudança de ideologia. Na prática, o primeiro passo é parar de usar o mesmo produto de modo contínuo ou sucessivo. O aconselhável é usar inseticidas de grupos químicos diferentes a cada aplicação e, de preferência, optar por moléculas inovadoras.
É o caso do inseticida Maxsan, desenvolvido pela IHARA. Uma solução inovadora que apresenta dois mecanismos de ação distintos. O produto é o único que controla todas as fases de desenvolvimento da cigarrinha (ovos, ninfas e adultos), apresentando maior efeito de choque e residual. “Nos últimos anos, minha equipe montou uma série de experimentos com esse inseticida e sempre obtivemos excelentes resultados”, observa Leila.
Para ela, o produto chegou em boa hora, pois possibilita aos produtores e usinas uma importante ferramenta para o manejo da resistência da cigarrinha. “O fato de o Maxsan ser composto por duas moléculas é muito relevante, pois é mais difícil para o inseto ser resistente a dois mecanismos de ação do que a um só.”
Fonte: CanaOnline

