Mudança na nutrição dos canaviais e no uso de diesel geram mais CBios e aumentam a renda do setor
12-01-2022

Com o RenovaBio é preciso descarbonizar o processo produtivo de etanol, quem consegue fazer isso, mais CBios consegue

O setor sucroenergético encontrou na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) uma forma de obter uma remuneração extra para o produto, ao comercializarem os Créditos de Descarbonização (CBios), obtidos se a empresa comprovar que reduziu as emissões de carbono na produção do combustível verde. Cada CBio equivale a uma tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser emitida na atmosfera. A quantidade de litros de etanol necessários para a emissão de um CBio varia de 661,81 a 1.288,66, o valor aumenta em decorrência da menor eficiência.

No acumulado total de 2021, o volume de Cbios emitidos totalizou 30,93milhões de títulos, superando em 24% a meta anual de emissões. Os dados são do Monitoramento Quinzenal – Renova Bio, 2º quinzena de dezembro, feitos pelo Itaú BBA, com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). 

Já o número de Cbios disponíveis no fechamento anual de 2021 é de 10,4 milhões de títulos, sendo que deste total 49% estão nas distribuidoras, 48% nas produtoras e 3% em partes não obrigadas. De acordo com a ANP, O volume negociado de Cbios na 2ª quinzena de dezembro foi de 2,66 milhões de títulos, diminuição de 38% frente à primeira quinzena do mês. Apesar de menores sobre a 1ª quinzena de dezembro, os preços do Cbio permaneceram bem acima de média anual de R$ 39,31 por Cbio.

 

O volume de Cbios aposentados no ano totalizou 24,4 milhões de títulos, representando 98% da meta anual de 24,9 milhões. Dos 142 distribuidores de combustíveis com metas fixadas para 2021, 118 cumpriram integralmente ou acima de 85%. As 24 empresas que não atenderam aos objetivos do órgão regulador podem ser multadas. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu para 2022 a meta de 36 milhões de títulos.

As metas de descarbonização são individuais, cada distribuidora tem a sua. Quanto mais combustível uma empresa vende, mais crédito de carbono tem de ser adquirido. O crédito é o Cbio, negociado na B3. A medida faz parte da Política Nacional de Combustíveis (Renovabio), criada em 2017 para que o Brasil cumpra as obrigações assumidas na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015 (COP-21). Cada CBio corresponde a uma tonelada de CO2 evitado, o equivalente a sete árvores.

Pelo lado do vendedor, quanto mais descarbonizar sua produção, mais CBios obterá. E vários pontos do processo de produção de etanol devem ser revistos para reduzir a emissão de gases, mas a nutrição dos canaviais, com o uso de nitrogênio sintético, e o consumo de diesel nas máquinas agrícolas, são os que mais pesam de forma negativa para a descarbonização.

Uma das formas de reduzir o consumo de diesel é utilizar defensivos agrícolas mais eficientes, que não necessitam realizar o repasse. Já no caso da nutrição, o foco é aumentar o uso da fertilização orgânica, com maior participação dos co-produtos da cana como vinhaça, torta de filtro, cinza das caldeiras, água de lavagem. Também é importante destacar a adoção da Meiosi e Cantosi, a aplicação de corretivos somente em cima das linhas de cana e a rotação de culturas, principalmente com a Crotalaria.

Fonte: CanaOnline