Não existe sistema de irrigação ideal. Escolha da tecnologia deve levar em consideração tipo de clima, solo e condições econômicas
08-07-2025

Levantamento indica a presença de, aproximadamente, 4.703 mil unidades de pivô central somente no Estado de São Paulo. Foto: Banco de imagens internet
Levantamento indica a presença de, aproximadamente, 4.703 mil unidades de pivô central somente no Estado de São Paulo. Foto: Banco de imagens internet

Mercado nacional conta com vários equipamentos para irrigação, sendo o autopropelido, o pivô e o gotejamento os mais usuais

Apesar de o Brasil ser um dos grandes produtores globais de alimentos, a maior parte de sua produção agrícola é baseada em sistemas de sequeiro, ou seja, dependente das chuvas. Nossa área irrigada, de pouco mais de 9 milhões de hectares, ainda é bastante tímida, chegando a ser menor que a de países como Paquistão e Irã.

No entanto, caso o Brasil deseje atender a demanda de segurança energética e alimentar da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), será necessário expandir essa área irrigada na ordem de 53,4 milhões de hectares nos próximos 100 anos, sendo 15,5 mi/ha nos próximos 30 anos e 2 mi/ha, nos próximos quatro.

Daniel Pedroso: “Escolher o sistema de irrigação mais adequado, de acordo as características de cada propriedade, é uma das grandes perguntas a serem respondida no momento da confecção do Plano Diretor de Irrigação”

Foto: Arquivo pessoal

Ainda estamos distante desses números, mas os primeiros passos já estão sendo dados. Seja em função das condições climáticas cada vez mais imprevisíveis ou simplesmente pela maior conscientização dos produtores rurais, fato é que a área irrigada no Brasil vem crescendo nos últimos anos.

Conselheiro do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), Daniel Pedroso afirma que o interesse pela irrigação no Brasil vem numa crescente nas últimas safras, emergindo nos mais variados tipos de clima, solo e condições econômicas. No entanto, ele alerta que não existe um sistema ideal capaz de atender todas essas condições. “Escolher o sistema de irrigação mais adequado, de acordo as características de cada propriedade, é uma das grandes perguntas a serem respondida no momento da confecção do Plano Diretor de Irrigação.”

Sistema por aspersão autopropelido é composto por um carretel enrolador acionado com energia hidráulica

Foto: Banco de imagens internet

Atualmente, o mercado nacional conta com vários equipamentos para irrigação, sendo o autopropelido, o pivô e o gotejamento os mais usuais. Pedroso explica que o sistema por aspersão autopropelido é composto por um carretel enrolador acionado com energia hidráulica, sendo constituído basicamente de um conjunto motriz, que aciona um carretel conectado a uma mangueira de Polietileno de Média Densidade (PEMD), ligada a um carro irrigador com aspersor tipo “canhão” hidráulico, sendo tudo montado sobre uma carreta com rodas portáteis.

O pivô, por sua vez, é um sistema de irrigação por aspersão que apresenta movimentação circular de uma linha lateral de 200 metros a 800 metros, suspensa por uma estrutura formada por torres dotadas de rodas e treliças. As torres se movimentam independentemente, acionadas por motores elétricos, promovendo um movimento de rotação em torno de um ponto pivô, que serve de ancoragem e tomada de água.

Devido a sua boa precisão, alta eficiência, assertividade e capacidade de alcançar grandes áreas, o pivô central é uma das ferramentas de irrigação mais difundidas no território nacional. Um levantamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), por meio do Mapeamento Atualizado da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais, estimou a existência de, aproximadamente, 4.703 mil equipamentos somente no Estado de São Paulo. Esse número representa um crescimento de 7% em relação ao último censo, que registrou 4.388 unidades em 2019.

Irrigação por gotejamento aplica água diretamente na região radicular das plantas, em alta frequência e baixa intensidade de aplicação

Foto: Divulgação Netafim

Por fim, o sistema de irrigação por gotejamento aplica água diretamente na região radicular das plantas, em alta frequência e baixa intensidade de aplicação, através de emissores conhecido como gotejadores, visando suprir a deficiência hídrica da cultura e mantendo o solo próximo à sua capacidade de campo. Estima-se que a eficiência da irrigação por gotejamento varia de 95% a 100%.

Para Daniel Pedroso, conhecer a característica de cada equipamento, as suas vantagens, bem como as suas limitações, é vital para decidir qual tecnologia utilizar, onde utilizar e, principalmente, quando utilizar.

Integrar diferentes sistemas de irrigação é altamente recomendado para atingir mais áreas e aumentar a produção durante toda a safra

Utilizar um único sistema para irrigar grande parte da área é uma tarefa complicada

Foto: Divulgação Netafim

Devido as suas características de aplicação de água e caminhamento dentro dos canaviais, o sistema de aspersão autopropelido é voltado para a irrigação de salvamento, sendo utilizado até os primeiros três meses do canavial (planta ou soca) para aplicação de 30 mm a 120 mm de água com o objetivo de favorecer a germinação ou rebrota da cana-de-açúcar. Já para a irrigação com déficit /suplementar, e também para canaviais de meio e final de safra, os sistemas mais utilizados são o pivô ou gotejamento ou a união de ambos.

Conselheiro do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), Daniel Pedroso explica que utilizar um único sistema para irrigar grande parte da área é uma tarefa complicada. Por conta disso, é recomendada a integração de diferentes tecnologias, que poderão aumentar a área irrigada e beneficiar os canaviais de início, meio e final de safra.

“O manejo integrado de irrigação nos permite aliar métodos com características distintas, mas voltados ao mesmo objetivo: estabilizar - ou até mesmo aumentar - a produção da cana-de-açúcar nos meses com maior déficit hídrico.”

Para saber mais sobre os benefícios da irrigação e ficar por dentro de todas as novidades sobre a tecnologia, acesse www.gifc.com.br