NetZero construirá a primeira fábrica de biochar de cana-de-açúcar em Minas
16-09-2025

NetZero vai investir cerca de R$ 15 milhões na planta que que será instalada em Campina Verde, no Triângulo; produção deve começar em fevereiro de 2026
Por Michelle Valverde
Com investimentos próximos a R$ 15 milhões, a NetZero, líder na produção industrial de biochar, implantará a primeira planta produtora do insumo a partir da cana-de-açúcar em Minas Gerais. A fábrica, que terá capacidade produtiva inicial de 2,5 mil toneladas de biochar ao ano, será implantada em Campina Verde, na região do Triângulo Mineiro. Até o momento, todas as unidades da NetZero produzem o biochar a partir da palha café. A diversificação é considerada estratégica, principalmente, devido ao grande potencial para a expansão do número de fábricas e do uso do biochar na produção agropecuária e na recuperação de áreas degradadas.
A unidade será construída na fazenda da parceira local Brunozzi Agropecuária, que também será a fornecedora da palha da cana para a produção do biochar. A indústria será abastecida ainda por usinas locais, que fornecerão o bagaço da cana. A expectativa é que a unidade comece a produzir em fevereiro de 2026 e os fornecedores da biomassa também serão os usuários do biochar. A estimativa é que o quilo do produto seja comercializado entre R$ 1,20 e R$ 1,50.
Conforme o CEO da NetZero no Brasil, Pedro de Figueiredo, a cana-de-açúcar é a cultura mais abundante do planeta, o que abre caminho para um crescimento expressivo nos próximos anos.
“O nosso objetivo é escalar a utilização do biochar da Net Zero no mundo, começando pelo Brasil. Escolhemos instalar a unidade na fazenda da Brunozzi Agropecuária porque na região temos várias plantas de produção de açúcar e etanol. Essa proximidade é importante para melhores condições de transporte da biomassa. Vamos utilizar o bagaço e a palha da cana e queremos mostrar a grande oportunidade de retorno ambiental e também do uso do biochar na produção da cana-de-açúcar”, explicou.
Ainda conforme Figueiredo, o uso do biochar nas lavouras de cana-de-açúcar além de ampliar a produtividade por hectare também gera um incremento próximo a 25% no rendimento da cana na hora do processamento e fabricação dos produtos.
A princípio, a unidade será equipada com um reator, gerando assim, uma capacidade instalada de 2,5 mil toneladas de biochar ao ano. A estimativa é ampliar o número de reatores conforme a demanda for crescendo. “A demanda irá crescer à medida que as pessoas entenderem a importância da produção e do uso do biochar. Vamos ampliar a produção de forma gradativa”.
A diversificação da biomassa para a produção do biochar veio dos investimentos em pesquisas. A NetZero conta com um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, localizado em Paiva, na Zona da Mata de Minas, onde são testados diversos tipos de biomassa. Além do café e da cana-de-açúcar, os estudos também avaliam o uso da casca de arroz, do caroço de açaí, da casca de coco, cacau, entre outros.
Em Minas Gerais, a unidade de Campina Verde será a terceira planta fabril no Estado e a quarta no Brasil. A NetZero já conta com um complexo em Lajinha, onde a matéria-prima é a casca de café. A unidade tem capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar ao ano.
Ainda este mês, a expectativa é inaugurar a segunda unidade Mineira. Em fase de conclusão, a indústria está em São João do Manhuaçu, na Zona da Mata. A unidade terá capacidade de produzir 4 mil toneladas de biochar ao ano.
Conforme a NetZero, o biochar é um produto rico em carbono, com impacto climático e agrícola. Ele é produzido por meio do processamento de biomassa, em alta temperatura e ausência de oxigênio, permitindo extrair e estabilizar o carbono nela contido. Esse carbono, capturado inicialmente da atmosfera pela fotossíntese, é então incorporado ao solo, promovendo a remoção duradoura do CO₂ atmosférico.
No solo, a estrutura ultra porosa do biochar melhora a retenção de água e de nutrientes, aumentando significativamente a produtividade agrícola e a renda dos produtores. Isso pode reduzir o uso de fertilizantes e, assim, descarbonizar a produção na origem sem comprometer a produtividade.
Fonte: Diário do Comércio