No lançamento da plataforma Esfera, CTC divulga causador da Síndrome da Murcha a Cana
25-09-2025
Iniciativa reúne ciência, produtores e empresas para acelerar soluções em manejo, plantio e produtividade
Por Andréia Vital
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) lançou nesta terça-feira (23), em sua sede, em Piracicaba - SP, a plataforma Esfera, iniciativa criada para aproximar academia, produtores e empresas. O objetivo é fomentar a troca de conhecimentos, promover debates técnicos e construir soluções inovadoras para os principais desafios do manejo e do plantio, além de antecipar tendências capazes de transformar o setor canavieiro.
Durante o lançamento, foi apresentado o Fórum Científico, que consolida a essência da Esfera. Mais do que um espaço de diálogos, o Fórum centraliza discussões que antes ocorriam em diferentes frentes, unindo esforços em busca de soluções conjuntas para problemas que afetam toda a cadeia produtiva.
Segundo os organizadores, a plataforma terá dois eixos: debates virtuais permanentes e eventos presenciais com foco em soluções práticas para aumento de produtividade. “Queremos priorizar temas e acelerar respostas. O segredo não é apenas como pesquisar, mas saber o que buscar: quais variedades e manejos ajudam o setor a avançar mais rápido”, destacou Suzeti Ferreira, diretora de Marketing do CTC,
Ela reforçou que a Esfera foi criada para ser um ambiente colaborativo e neutro. “Mais do que soluções do CTC, queremos soluções para todo o setor. A neutralidade e a colaboração são os pilares dessa iniciativa”.
Na primeira Arena de Debates da Esfera, o tema central foi a Síndrome da Murcha da Cana, considerada um dos maiores desafios atuais para a produtividade dos canaviais.
Pesquisas apresentadas confirmaram que o Colletotrichum falcatum é o agente primário da doença. A conclusão foi obtida por meio de testes de isolamento, inoculação e reisolamento em plantas sadias, seguindo os postulados de Koch, além de análises metagenômicas.

O fungo, também responsável pela Podridão Vermelha, age em associação com outras doenças oportunistas, como a Podridão da Casca (Pleocyta sacchari), intensificando os danos e reduzindo o ATR em até 70% nas áreas afetadas, principalmente quando combinado à ação da broca-da-cana, que facilita a entrada do patógeno.
Segundo a fitopatologista Tatiane Mistura, a Pleocyta surge apenas de forma secundária, após o Colletotrichum comprometer a planta, modificando a sintomatologia clássica da doença e gerando colorações amarronzadas. “Não falamos mais em síndrome. Agora sabemos quem é o agente causal e podemos buscar soluções específicas”, ressaltou.
Para Luciana Castellani, gerente executiva de Melhoramento Genético do CTC, a confirmação representa um marco: “Essa constatação é um avanço significativo para toda a cadeia produtiva, pois permite direcionar esforços em busca de soluções mais assertivas”, disse.
O evento reuniu especialistas, produtores, clientes e representantes da comunidade científica, reforçando a colaboração intersetorial como caminho para acelerar avanços no campo.
O próximo encontro da Esfera já tem data: 30 de outubro, com foco no chamado pacote tecnológico — que envolve manejo de pragas, herbicidas, maturadores e práticas de plantio e colheita para explorar o máximo potencial das variedades.
Inovação e futuro da cana
Para o CEO do CTC, Cesar Barros, a Esfera fortalece o papel do centro como líder em inovação e reflete seu compromisso em transformar ciência em resultados práticos. “O Brasil é referência mundial na cultura da cana-de-açúcar. A Esfera surge para unir o setor em torno de debates técnicos e científicos, promovendo soluções que aumentem a produtividade. Temos convicção de que é possível dobrar a produtividade até o final da próxima década”, afirmou.

Segundo Barros, esse objetivo está ancorado em três grandes frentes: Melhoramento genético com novas variedades como a CTC Advana1, já lançada, com porte ereto, alto teor de açúcar e maior longevidade de canavial. Biotecnologia com destaque para a plataforma CTC VerdPRO2, que une resistência à broca-da-cana e tolerância a herbicidas, protegendo integralmente os canaviais.
E o Projeto Sementes, resultado de 11 anos de pesquisa e R$ 1 bilhão em investimentos, que traz a inovação das sementes sintéticas de cana, que prometem reduzir a pegada de carbono, liberar áreas produtivas e acelerar a adoção de novas tecnologias. A construção da primeira fábrica de sementes, já em fase avançada, terá capacidade para produzir sementes sintéticas para até 1.000 hectares por ano, e ajudará a acelerar a adoção de novas tecnologias no campo.
Além dessas frentes, o CTC também estuda soluções de longo prazo, incluindo o desenvolvimento de uma cana transgênica resistente ao bicudo (Sphenophorus), praga que ainda não possui métodos de controle eficazes.


