Novonesis investe para atender etanol de milho
03-10-2025

Empresa está ampliando a produção de enzimas e leveduras voltadas à fabricação do biocombustível
Por Camila Souza Ramos — São Paulo
A Novonesis, fruto da fusão da Novozymes e da Chr Hansen realizada no ano passado, está investindo na ampliação de sua produção de enzimas e leveduras voltadas à fabricação de etanol para atender toda a demanda esperada para a fabricação do biocombustível de milho até o fim da década.
A companhia, listada na bolsa de Copenhagen e controlada pela Novo Nordisk Foundation, tem em Araucária (PR) uma fábrica de enzimas e leveduras voltadas para a produção de etanol. Em abril deste ano, concluiu a duplicação de sua produção de enzimas, e em março do ano que vem, deve finalizar a triplicação de sua capacidade de produção de leveduras, afirmou Fabrício Leal Rocha, que comanda a área de Bioenergia da Novonesis, em entrevista ao Valor. A empresa não informa os valores investidos.
A unidade produz as enzimas alfa-amilase e glucoamilase, que atuam na quebra das cadeias de amido contido no milho, além de leveduras que atuam na fermentação. Segundo Rocha, a capacidade adicional permitirá que a indústria da Novonesis no Brasil consiga atender toda a demanda esperada até o fim da década. Estimativas do Itaú BBA e do JP Morgan indicam que em 2030 a produção de etanol de milho deve praticamente dobrar em relação ao patamar atual e chegar a 19 bilhões de litros.
Atualmente, a Novonesis atende 90% da demanda das indústrias de etanol de milho por enzimas e leveduras, segundo o executivo. O restante do mercado é abastecido por produtos importados, como da concorrente americana Lallemand. “Nossa oferta é local, o que dá [às indústrias] uma garantia de fornecimento”, defendeu.
A expansão da indústria de etanol de milho no Brasil na última década permitiu que a divisão de insumos para bioenergia da Novonesis se tornasse um dos principais negócios da companhia na América Latina, disse. “Fomos positivamente surpreendidos com esse crescimento”, afirmou.
Embora não revele o valor de faturamento de cada unidade de negócio, o executivo disse que, em tamanho, está próximo do de enzimas para nutrição, soluções para lácteos e de produtos para uso doméstico.
A receita global da Novonesis em 2024, considerando o cálculo proforma decorrente da fusão, foi de 3,9 bilhões, dos quais 36% foram oriundos de vendas para os setores agrícola, energia e tecnologia, a maior participação entre todos os negócios. No balanço, a companhia mencionou que as vendas nessa área foram puxadas pelo aumento da produção de etanol na América do Sul e na Índia, onde a produção de álcool de cereais também está crescendo para atender o mandato de 20% de mistura à gasolina.
Enquanto a produção de etanol a partir da cana usa enzimas e leveduras como uma opção, sendo prescindíveis no processo produtivo, a fabricação de etanol de milho é inviável sem esses insumos. Isso, na prática, faz com que a expansão dessa indústria necessariamente puxe o crescimento da produção de enzimas e leveduras. “Para nós, é importante que esse setor seja mais eficiente para ser mais rentável.”
Esses insumos representam, junto com produtos químicos, em torno de 3% do custo de produção do etanol de milho.
Fonte: Globo Rural