O antídoto contra os vilões que carregam os lucros das lavouras
07-08-2018

O controle biológico não é mais um sonho e sim uma necessidade em um mercado que está com a produtividade chegando a níveis muito baixos

*Marcos Françóia - GRANT THORNTON & MBF AGRIBUSINESS

As pragas agrícolas têm prejudicado a produtividade no campo e aumentado o custo com os combates químicos convencionais. Dois assuntos que tem tirado o sono dos gestores agrícolas: produtividade e custos de produção.
Com o dólar em alta, os produtos químicos para o combate as pragas se tornam cada vez mais caros, além de que nos últimos anos a resistência de pragas a esses produtos vem crescendo. Pensando em resultados e tranquilidade, o agricultor tem utilizado cada vez mais o controle biológico como ferramenta de combate as pragas no campo.

O mercado de controle biológico, por sua eficácia, atualmente movimenta milhões de dólares e tem ampliado a sua área de atuação para diversos tipos de lavouras, aumentando o interesse de investimentos nessa área.
Segundo ElitamaraMorsoletto, bióloga e sócia da Biocontrol, uma empresa que está nesse mercado desde o ano de 1994 com a tecnologia de produção de insetos e fungos para o controle biológico, atualmente há soluções biológicas para culturas como, milho, hortifrútis, pastagens e cana-de-açúcar, sendo que atualmente a maior participação da Cia. está no mercado canavieiro, que está em ampla expansão e com novas soluções em pesquisas, sem deixar de lado outros mercados.

Desde 1974 os agricultores utilizam o controle biológico para combater a principal praga da cana-de-açúcar, que é a broca-da-cana. Esse controle é realizado com a vespa Cotesiaflavipes. “No campo, a vespa consegue localizar a broca através de substâncias químicas da praga e, uma vez localizada, a vespa entra dentro dos furos na cana (galerias) e parasita a lagarta da broca. Após 20 dias, cada broca parasitada morrerá e dará origem a 60 novas vespas, que irão parasitar outras lagartas no campo, completando assim seu ciclo reprodutivo e combatendo a praga. Considerando o investimento no produto de aproximadamente R$ 26,00/hectare, e que para cada 1% de intensidade de infestação da broca o produtor perde aproximadamente R$110,00/hectare, o controle biológico desta praga é imprescindível e de baixo custo”, diz a bióloga Elitamara.

A cigarrinha-das-raízes é outro grande vilão dos agricultores. O controle biológico é realizado com aplicações do fungo Metarhiziumanisopliae, um fungo de solo que infecta as cigarrinhas causando sua morte. Pulverizado nas lavouras, em poucos dias coloniza o solo e posteriormente a praga. O fungo tem uma ação lenta no primeiro ano, então o agricultor utiliza o fungo junto com o produto químico. Quando o produto químico perde seu tempo de ação, o fungo irá preencher esse espaço de “falta de controle”. Após 3 anos de aplicação do fungo os agricultores não precisarão mais do produto químico em algumas áreas, pois o fungo permanece se reproduzindo no solo ano após ano, reduzindo assim a pressão populacional da praga. Dentro de 3 anos, além do retorno econômico pelo controle da praga e aumento da produtividade, terão o retorno econômico pela economia na compra dos produtos químicos, que é de aproximadamente R$180,00/hectare. O investimento no produto fungo é em torno de R$ 40,00/hectare.

Segundo a engenheira agrônoma Miriam Carla de Paula, da MBF Agribusiness, cumulativamente, a cada 1% de infestação de broca na lavoura de cana-de-açúcar, há perdas de 1,25% em toneladas de cana no campo, mais 0,38 quilos de açúcar e 0,27% de etanol no processo produtivo. “Não se permite mais uma gestão agrícola com foco em soluções imediatistas no combate as pragas”, diz a engenheira Miriam, que complementa: “o combate biológico é uma solução com reflexos pouco mais lento, mas de manutenção efetiva no combate a longo prazo, gerando economia e ganhos em produtividade”.

O controle biológico não é mais um sonho e sim uma necessidade em um mercado que está com a produtividade chegando a níveis muito baixos (t/ha), e cada vez mais inviabilizando a continuidade econômica de alguns grupos agroindustriais. E não é somente uma ação a ser tomada pelas usinas, mas por todos os produtores que desejam a continuidade de seus negócios.

As empresas que carregam em sua gestão uma visão estratégica de longo prazo estão investindo significativamente na redução dos custos de produção, que passa, primeiramente, por uma revisão de seus modelos de apuração de custos, padronizando com as melhores técnicas de avaliação e que permitem ações seguras na redefinição de métodos de realização das atividades no campo, bem como na performance da mão de obra. Isso permite a economia em máquinas, combustíveis e lubrificantes e também com mão de obra.
O que se observa é que as empresas que possui essa cultura de controle entre os seus gestores são as que mais têm produzido resultado, o que não é mero acaso.

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