O Brasil como referência na destinação de embalagens vazias de defensivos
01-11-2023

 Marcelo Okamura / Globo Rural
Marcelo Okamura / Globo Rural

Sistema Campo Limpo, coordenado pelo inpEV, reúne mais de 400 unidades de recebimento de embalagens e está presente em todos os Estados do país

Por Marcelo Okamura*

Todos os setores industriais têm um sonho em comum: destinar de forma ambientalmente correta as sobras de produtos e embalagens vazias. Uma realidade: em vinte anos, dar a destinação correta a 700 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas, fazendo com que o setor de defensivos agrícolas cumpra a legislação vigente e seja um exemplo para outros setores.

E a realidade vai além da destinação correta. Ainda transformamos grande parte do material que seria incinerado em novos produtos, seja para a própria indústria do ciclo econômico, seja para outros usos em diferentes áreas da atividade econômica.

Esta realidade existe porque o inpEV, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias criado em 2002, nasceu com o objetivo de gerir o sistema de logística reversa das embalagens vazias da indústria de defensivos agrícolas. Como bem prevê a legislação criada para estabelecer a logística reversa, cada agente desta cadeia de custódia de embalagens tem a sua responsabilidade.

O agricultor compra um defensivo agrícola para utilizar na sua plantação em um distribuidor próximo à sua propriedade. Ao terminar de usar o produto, ele faz a tríplice lavagem ou lavagem sob pressão da embalagem, a inutiliza e devolve no local descriminado na nota fiscal.

A indústria de defensivos, representada pelo inpEV, se responsabiliza pela logística e destinação final dos materiais recebidos. Grande parte destes materiais serão reciclados e transformados em outros produtos (uma nova embalagem de defensivo agrícola ou outros 33 artefatos plásticos homologados), retornando assim ao ciclo econômico.

É, sem dúvida, economia circular na prática. O poder público fiscaliza se tudo está sendo realizado da forma como prevê a legislação.

Nossa história confirma que “um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. O inpEV nasce, exatamente para gerir, o Sistema Campo Limpo, de acordo com a Lei Federal nº 9.974/00, promulgada em junho de 2000 e regulamentada em 2002 (decreto 4.074).

Conseguimos, com a ajuda de todos os entes que compõem o SCL, nos consolidarmos como o ESG, na prática, da indústria. Somente ano passado foram destinadas de forma ambientalmente correta 52,5 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Durante sua existência, o setor evitou a emissão de cerca de 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera.

Estrutura

Somos 160 fabricantes, canais de distribuição, 260 associações de revenda e cooperativas. Além, é claro, do elo mais importante da cadeia: dois milhões de propriedades rurais Brasil afora que se responsabilizam por devolver as embalagens para que o processo se reinicie. Para que tudo funcione, o Sistema Campo Limpo possui mais de 400 unidades de recebimento de embalagens e está presente em todos os estados do país.

A logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas é tão forte no Brasil que somos um case de sucesso mundial. Conseguimos reciclar 93% de todas as embalagens produzidas no país em 2022.

Todo esse trabalho é possível devido à atuação dos diferentes elos da cadeia: agricultores, canais de revenda, cooperativas, indústria fabricante e poder público. Para termos de comparação, as nações do hemisfério norte, mesmo aquelas com economias maiores ou mais desenvolvidas que a nossa, recolhem e reciclam muito menos que nós aqui no Brasil.

Nossa atividade minimiza os impactos ambientais, tornando o processo sustentável, ajudando a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a geração de resíduos sólidos, além de diminuir a necessidade de extração e uso de recursos naturais.

O agronegócio precisa estar cada vez mais consciente sobre a importância do cumprimento da lei para que o setor possa seguir crescendo e se desenvolvendo de forma mais e mais sustentável. O agro segue como um exemplo para a economia do Brasil e do mundo.

* Marcelo Okamura é diretor-presidente do inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias)

Fonte: Globo Rural