O etanol é peça fundamental na descarbonização dos automóveis
19-09-2025

Atacama Agência
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Para João Irineu Medeiros, que participou do CNN Talks - Potência Verde, o uso do combustível de cana-de-açúcar combinado com a eletrificação permite uma transição equilibrada do ponto de vista social, econômico e ambiental.

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A indústria automobilística vive, no Brasil e no mundo, o mais intenso período de transformação de sua história. A sociedade traz novas demandas, pautadas por inovação e responsabilidade socioambiental. Nesse cenário, o etanol — combustível genuinamente brasileiro — exerce papel fundamental no desafio global da descarbonização do setor automotivo, afirma João Irineu Medeiros, Vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul.

Vice-presidente da Stellantis — fabricante global responsável por marcas como Fiat, Jeep, Ram, Peugeot, Citroën e Abarth — João Irineu Medeiros participou do painel “Transição: Etanol, o elo entre inovação e renovação bioenergética brasileira”, no CNN Talks – Potência Verde, realizado em São Paulo, na segunda-feira (8). O encontro debateu o potencial do etanol, derivado da cana-de-açúcar, para reduzir as emissões de gás carbônico na atmosfera.

O etanol foi desenvolvido nos anos 1970 como solução brasileira para enfrentar a crise do petróleo e, hoje, tem potencial para ser decisivo diante das mudanças climáticas. “Um levantamento mostrou que as emissões de um veículo movido a etanol são equivalentes às de um carro 100% elétrico abastecido pela matriz energética brasileira, considerada de baixo carbono”, afirma João Irineu Medeiros.

Presença no mercado

O executivo ressaltou que, ao contrário da eletrificação automotiva, ainda recente, o etanol já faz parte do cotidiano dos brasileiros. Atualmente, cerca de 30% da frota nacional utiliza o combustível de cana-de-açúcar, de baixo carbono — um índice bastante expressivo em comparação global. “Mesmo com todo o esforço da China, apenas 27% dos carros novos vendidos são eletrificados, e a frota circulante não chega a 10%”, comparou.

O VP da Stellantis reforçou a importância do crescimento da produção de cana no Brasil, ao comentar o surgimento de novas biotecnologias que seriam capazes de aumentar a produtividade em 40% sem aumentar a área plantada. “Quanto mais etanol, mais a gente descarboniza”, entende Medeiros.

Estratégia com investimento

Outro ponto destacado por Medeiros no evento se refere à importância de combinar eletrificação com etanol, em uma parceria que pode potencializar os resultados rumo à descarbonização.

A estratégia de descarbonização da Stellantis combina a utilização do etanol com diferentes níveis de eletrificação, incluindo novas tecnologias que possam ser incorporadas ao veículo. A empresa anunciou recentemente a tecnologia Bio-Hybrid, com investimentos de 32 bilhões de reais até 2030.

“No ano passado, lançamos os modelos Fiat Pulse e o Fiat Fastback com um sistema de hibridização de baixo custo”, diz. “Grandes consultorias apontam que essa tecnologia vai fazer parte de 30% da frota brasileira até 2030”.

A Stellantis vê potencial para levar a tecnologia do etanol a outros países em desenvolvimento, que também precisam descarbonizar suas frotas. “A Índia é um exemplo clássico: cultiva cana-de-açúcar, produz açúcar e produz etanol”, afirma Medeiros.

Fonte: CNN