O futuro da Usina São João, de Araras, é ser mais uma unidade da Raízen?
24-08-2021
Com uma dívida de R$ 2 bilhões, a USJ apresentou um pedido de recuperação judicial. Para analistas, a empresa tem fundamentos sólidos para sair da RJ, outros já preveem que será incorporada pela Raízen
Uma das mais tradicionais unidades sucroenergéticas, a Usina São João de Araras (USJ), que detém a participação de 50% da SJC Bioenergia, que conta com duas unidades no Estado de Goiás apresentou um pedido de recuperação judicial (RJ) na justiça de Araras, SP, onde fica localizada a unidade.
Segundo o jornal Valor Econômico, o documento protocolado na última quinta-feira, 12, inclui uma proposta de pagamento acordada com a maioria dos detentores dos títulos, com quem a USJ tem dívidas de cerca de R$ 2 bilhões.
A pedido de RJ entregue traz o resultado de negociações diretas feitas com o equivalente a 89% dos detentores de títulos emitidos pela USJ. O plano de pagamento envolve a venda de três fazendas e da participação da USJ na SJC Bioenergia, além do repasse do valor de dois precatórios referentes a ações contra o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Um terceiro precatório, ainda pendente de decisão judicial, também pode entrar no acordo.
O plano ainda estipula a manutenção de contratos de arrendamento com a USJ, garantindo o cultivo de cana para as usinas do grupo. A SJC Bioenergia, a Cargill – que detém 50% de participação – teria concordado em não exercer seu direito de preferência sobre as ações da USJ.
As ações da SJC Bioenergia levantariam o equivalente a R$ 1,5 bilhão, valor insuficiente para liquidar a dívida total da USJ. A proposta da sucroenergética envolveria pagar o valor restante após um período de carência de de 10 anos.
O valor seria amortizado por meio de dividendos operacionais e, caso não seja quitado em 30 anos, com até 5% de ações da USJ, sem direito a voto.
Para analistas do setor, a USJ apresenta bons fundamentos para sair da Recuperação Judicial, segundo a empresa a crise é momentânea e pontual e o cenário futuro do setor tem perspectiva otimista, dada a recuperação dos preços do açúcar e do etanol.
No entanto, já há quem prevê que a unidade de Araras seja adquirida pela Raízen, que praticamente detém o monopólio da cana na região de Piracicaba, Limeira, Araras e Leme. A possibilidade não agrada muito aos produtores de cana, pois reduz ainda mais as opções de compradores da matéria-prima. Mas os analistas advertem que a consolidação é uma tendência, cada vez mais, grandes grupos aumentarão seu poder no setor sucroenergético.
Fonte: CanaOnline