O mercado de CBios em transformação: desafios e expectativas para o futuro
17-12-2024

Cumprimento de metas e ajustes regulatórios definirão o panorama de 2025

O mercado de Créditos de Descarbonização (CBios) atravessa um momento decisivo no encerramento de 2024. O risco de descumprimento de metas por distribuidoras, somado às incertezas regulatórias, sinaliza um cenário complexo para 2025, com potenciais impactos no setor sucroenergético e na dinâmica de oferta e demanda de créditos.

Conforme análise de um relatório do Itaú BBA, 2024 apresentou avanços importantes na emissão e comercialização de CBios. No entanto, o cumprimento das metas compulsórias ainda se mostra um desafio significativo. Com uma meta mais alta prevista para o próximo ano e a possibilidade de redução na geração de créditos, as pressões sobre o mercado tendem a se intensificar.

Em dezembro, as atenções se voltam para as distribuidoras, cuja adesão às metas individuais de CBios continua incerta. Caso o comportamento de anos anteriores se repita, cerca de 10,6 milhões de CBios podem deixar de ser aposentados em 2024, o que resultaria em uma taxa de cumprimento de apenas 77%. Até 30 de novembro, foram adquiridos 36,1 milhões de CBios, considerando estoques e créditos já aposentados. Com um esforço maior de cumprimento no último mês do ano, o volume de negociações pode chegar a 10,3 milhões de créditos.

Para 2025, o cenário se agrava. Estimativas do Ministério de Minas e Energia (MME) apontam que a emissão de CBios pode cair para 40,2 milhões de créditos, enquanto a meta compulsória pode alcançar 42,6 milhões. Mesmo com um ajuste dessa meta para 40,4 milhões, a oferta seria insuficiente para atender à demanda projetada.

O Projeto de Lei 3149/20, conhecido como "PL dos CBios", pode alterar significativamente o mercado. Entre as mudanças propostas está o aumento das penalidades para distribuidoras que não cumprirem suas metas, medida que poderia estimular uma maior adesão às obrigações. Caso implementadas, essas alterações podem endurecer o mercado em 2025, com menor geração de créditos e maior pressão para o cumprimento das metas.

Em novembro, os preços dos CBios permaneceram relativamente estáveis, encerrando o mês a R$ 83 por crédito, 9% abaixo da média anual de R$ 89. Apesar de uma queda de 33% no volume negociado no mês, o acumulado de transações em 2024 chegou a 82,3 milhões de CBios, um aumento de 15% em relação a 2023.

No mesmo período, foram emitidos 3,8 milhões de CBios, 9% a menos que em novembro do ano passado. Entretanto, o acumulado do ano até 30 de novembro alcançou 39 milhões de créditos emitidos, representando um crescimento de 21% em relação ao ano anterior.

Os estoques de CBios permaneceram em 28,5 milhões de créditos, enquanto as distribuidoras obrigadas já aposentaram 18 milhões, atingindo 77,8% da meta anual, com a inclusão de 2,3 milhões de créditos antecipadamente aposentados em 2023.

Andréia Vital