Oferta enxuta sustenta preços do açúcar no início de outubro, mas cotações recuam com pressão internacional
19-11-2025

Levantamento do Cepea/Esalq/USP mostra virada no mercado ao longo do mês e indica tendência de maior oferta global na safra 2025/26

Por Andréia Vital

O mercado de açúcar iniciou outubro com preços firmes no estado de São Paulo, impulsionados pela oferta restrita no spot e pelo maior volume já comprometido com exportações. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, que divulgou, recentemente, os agromensais de outubro de 2025, compradores buscaram novos lotes de cristal Icumsa 150, enquanto usinas mantiveram posições de venda mais firmes.

A partir da segunda quinzena, porém, as cotações passaram a recuar, acompanhando o movimento de baixa no mercado internacional em meio às projeções de excedente global para a safra 2025/26. A retomada dos preços só ocorreu na última semana do mês, com maior participação do cristal Icumsa 150 nas negociações internas, produto com oferta limitada, já que boa parte segue destinada ao mercado externo. Para o cristal Icumsa 180, algumas usinas optaram por maior flexibilização de preços para desovar estoques.

Mesmo com a recuperação parcial, o balanço mensal ficou negativo. O Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130 a 180) fechou outubro a R$ 114,96/saca de 50 kg, queda de 3,11% frente a setembro e de expressivos 24,78% ante outubro de 2024. No mês, o indicador acumulou baixa de 3,14%, encerrando outubro cotado a R$ 113,65/sc.

Dados da UNICA mostram que a moagem da região Centro-Sul atingiu 34,04 milhões de toneladas na primeira quinzena de outubro. No acumulado da safra até 16 de outubro, foram processadas 524,96 milhões de toneladas, retração de 2,78% sobre igual período de 2024/25. A produção de açúcar somou 36,02 milhões de toneladas, ligeira alta de 0,89%.

No Nordeste, a pressão baixista também predominou. Usinas ampliaram a oferta ao longo do mês e flexibilizaram preços, enquanto as aquisições de açúcar do Centro-Sul pela região caíram quase 60% entre setembro e outubro. Segundo a Conab, a produção nordestina de cana deve alcançar 55,1 milhões de toneladas em 2025/26, avanço de 1,3% na temporada. Os indicadores do Cepea apontam quedas mensais de 5,76% em Pernambuco (R$ 132,26/sc), 3,2% em Alagoas (R$ 143,00/sc) e 5,67% na Paraíba (R$ 123,35/sc).

No mercado internacional, o açúcar operou em baixa ao longo de outubro. O contrato março/26 recuou 10,54% no mês, refletindo perspectivas de produção robusta na Índia e na Tailândia e a elevação do superávit global estimado pela Czarnikow para 7,4 milhões de toneladas. No Brasil, as chuvas abundantes no Centro-Sul devem favorecer a produtividade dos canaviais em 2026, com o Rabobank projetando moagem entre 600 e 640 milhões de toneladas na safra 2026/27.

Apesar da pressão externa, cálculos do Cepea mostram que as vendas internas remuneraram, em média, 8,44% acima das exportações em outubro, mantendo o mercado doméstico como alternativa mais atraente para parte das usinas.