Orplana/Guilherme Nogueira: Esperávamos porcentual maior de tarifas dos EUA sobre Brasil
04-04-2025
O CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, afirmou que o setor esperava porcentual maior de tarifas a serem aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Por Isadora Duarte
Ontem (2), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplicou ao Brasil 10% de tarifas de importação. "Esperávamos um porcentual na ordem de 18%, mas os Estados Unidos fizeram uma avaliação de inflação e avaliação negocial para tomar essa atitude de deixar o Brasil no menor patamar", disse Nogueira, nos bastidores do Cana Summit, evento realizado pela Orplana em Brasília (DF), após o anúncio da Casa Branca sobre o pacote de tarifas recíprocas. "Quando temos mercados competitivos com custo de produção baixo, a negociação é mais fácil. Não queremos que o setor sucroenergético e o agronegócio como um todo sejam moeda de troca para qualquer acordo comercial", reafirmou.
Em relação aos impactos para o mercado global de açúcar, Nogueira ponderou que será necessário avaliar as tarifas aplicadas sobre todos os principais países exportadores do adoçante. "Austrália e México, principal exportador de açúcar para os EUA, não estão na lista apresentada. Precisamos ver a posição do México, que exporta cerca de 5 milhões de toneladas de açúcar para os Estados Unidos, para avaliar os efeitos", observou.
Para ele, essa sobretaxa tende a afetar o consumidor final americano, já que a indústria deve repassar os impostos. "A dúvida é até quanto e quando o consumidor final vai conseguir pagar. O principal impacto das tarifas de Trump tende a ser sobre os derivados de açúcar, como, por exemplo, refrigerantes, balas e doces. Claramente, isso terá um efeito inflacionário no mercado americano", apontou Nogueira. Ele citou ainda a possibilidade de parte da indústria migrar para a glucose de milho como adoçante alimentício em alternativa ao aumento do custo do açúcar.
Impacto limitado
O diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (OIA), José Orive, avaliou que o impacto do pacote de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no mercado de açúcar será limitado. "O impacto sobre o açúcar não será grande. Os embarques açucareiros não serão afetados porque os Estados Unidos já controlam suas compras por cotas estabelecidas previamente, que já foram usadas", disse Orive, em painel no Cana Summit.
Para o diretor da OIA, no mercado de açúcar o principal impacto das tarifas americanas será sobre os derivados. "Para avaliar isso, precisamos ver os números anunciados para biscoitos e produtos da confeitaria da Europa, por exemplo. As tarifas, de forma geral, surpreendem a todos porque muitos acreditam que os porcentuais serão maiores", observou Orive.
No caso do Brasil, Orive destacou que é preciso entender se os 10% anunciados por Trump serão um patamar mínimo, serão adicionais aos já existentes ou serão acumulados à taxa geral de 10%.
Fonte: Broadcast

