Os cuidados para proteger a lavoura de amendoim das doenças
18-11-2020
Existem diversas doenças relatadas no cultivo do amendoim, tendo como agentes causais fungos, vírus, bactérias e até nematoides
O estado de São é o maior produtor de amendoim do Brasil, responsável por quase 90% da produção e desse volume, praticamente 90% do plantio ocorre em áreas de renovação de canavial. O amendoim é semeado na primavera, logo que se iniciam as chuvas e se crescem no verão, época em que as condições climáticas são ideais para o desenvolvimento pleno da leguminosa. Mas é também esse período que reúne as principais condições necessárias para que ocorra o aparecimento de doenças nas lavouras.
Existem diversas doenças relatadas no cultivo do amendoim, tendo como agentes causais fungos, vírus, bactérias e até nematoides (parasitando e lesioando o sistema radicular das plantas). Todavia, elas não ocorrem numa única fase do cultivo, ou seja, podem acometer desde as sementes, passando pela fase de plântula, causar danos durante o desenvolvimento vegetativo do amendoim (doenças de parte aérea), e até mesmo após o processo de colheita (produção de aflatoxinas ou degeneração dos grãos armazenados).
O produtor deve ficar atento. O pesquisador científico e diretor de pesquisa do Polo Centro Norte da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Marcos Doniseti Michelotto, afirma que, independente do histórico da área, são necessárias de seis a nove aplicações de fungicida durante todo o ciclo da cultura. Em 100% da área em caráter preventivo.
“As pulverizações de fungicidas na cultura do amendoim seguem um esquema de calendário. É uma prática comum realizada pelos produtores em que, a partir dos 30 dias, ele começa a fazer as aplicações desse defensivo quinzenalmente.”
Entre as principais doenças do amendoim, destacam-se as cercosporioses (mancha preta e mancha castanha), as mais favorecidas em anos com alta pluviosidade. Além destas, existem outras de elevada importância econômica, como a ferrugem, a verrugose, mancha barrenta e mancha de Leptosphaerulina (mancha em “V”), que completam o principal complexo de doenças do cultivo.
O pesquisador da APTA explica que os maiores danos causados por elas ocorrem mais pela interferência no processo de arranquio e colheita do amendoim do que pela doença em si. “Quando o produtor não faz um bom controle, ao chegar no final do ciclo encontrará uma planta tão depauperada que o processo de inversão não será feito corretamente.”
Caso o produtor não faça o manejo das doenças do amendoim, o processo de inversão será prejudicado
Foto: Ewerton/Neomarc
Isso ocorre pois, no amendoim, a colheita difere de outras culturas. Primeiramente, um equipamento transita pela lavoura arrancando e invertendo as plantas, deixando-as aleiradas com as vagens expostas para cima para que haja a secagem das mesmas. Posteriormente, outra máquina passa para fazer a colheita ou recolhimento desse amendoim.
Caso a doença tenha se instalado durante o ciclo, não haverá massa de folha suficiente para realizar a inversão. Ou os ramos e pedúnculos estarão tão fracos que, quando o arrancador passar, estes se soltarão da planta. “Em alguns casos, a vagem até foi produzida, mas fica no solo, sem ter como tirá-la. Por isso, o produtor deve ficar atento às doenças para evitar esse tipo de problema. O objetivo é chegar no final do ciclo e encontrar uma planta sadia”, relata Michelotto.
Fonte: CanaOnline

