Para especialista, manutenção deve ser vista como área estratégica nas unidades sucroenergéticas
01-10-2021

Entressafra é o momento ideal para conduzir atualizações tecnológicas na planta, a fim de possibilitar que as máquinas e instalações realizem o que se espera delas quando o novo ciclo começar
Entressafra é o momento ideal para conduzir atualizações tecnológicas na planta, a fim de possibilitar que as máquinas e instalações realizem o que se espera delas quando o novo ciclo começar

Entressafra canavieira na região Centro-Sul deste ano deverá ser mais longa em função da quebra de produção do ciclo atual

Leonardo Ruiz

Com uma safra mais curta do que o previsto inicialmente – fruto de uma longa e severa estiagem, quatro geadas e inúmeros incêndios -, as unidades sucroenergéticas do Centro-Sul do país já começam seus preparativos para a entressafra, período reservado para a manutenção da planta industrial e das máquinas e implementos agrícolas.

O especialista em transformação digital de manutenção, Edir dos Santos Alves, explica que quanto maior o tempo de operação das máquinas e instalações, menor é confiabilidade delas. Por conta disso, a entressafra é a oportunidade perfeita para eliminar todas as manutenções preventivas pendentes (quando houver) ou corretivas planejadas.

É o momento ideal para conduzir atualizações tecnológicas na planta, a fim de possibilitar que as máquinas e instalações realizem o que se espera delas quando o novo ciclo começar. “A manutenção acontece de forma estratégica para a produção, o que significa dizer que as máquinas atenderão ao desempenho previsto, desde que as condições recomendadas para as suas operações sejam seguidas, garantindo o funcionamento pleno.”

No entanto, o profissional ressalta que é importante que as usinas não direcionem todas as manutenções apenas para o período da entressafra. Ações preventivas (calendarizadas ou baseadas na condição) ao longo de todo o ano são vitais para reduzir os custos posteriores com manutenção. “Qualquer uma das preventivas está associada a uma ação planejada pela equipe de manutenção, sendo a calendarizada bem definida e os planos anuais compartilhados com a equipe responsável pela operação das máquinas, visando a segurança de que não falhem no período planejado de uso.”

Nos últimos anos, o setor sucroenergético nacional enfrentou uma longa e severa crise. Nesse período, uma das áreas mais afetadas foi a de manutenção. Com pouco fluxo de caixa, as usinas preferiram investir nos canaviais, a fim de incrementar seu volume de matéria-prima. Por anos, o parque industrial ficou parcialmente esquecido, com pouquíssimas transformações tecnológicas e recebendo apenas as manutenções estritamente necessárias.

Na visão do especialista, as crises só impactam negativamente quando a manutenção não é considerada estratégica para o negócio das companhias. “O que a crise explicitou é o quanto a manutenção ainda é vista como uma área de custo, quando poderia estar sendo considerada uma área estratégica e de diferenciação entre as empresas.”

Alves afirma que é possível conseguir uma manutenção eficiente e, ao mesmo tempo, de baixo custo. Um dos segredos é uma equipe de manutenção bem qualificada, pois ela será capaz de realizar de forma competente todas as intervenções planejadas. “Algumas vezes, pode ser interessante observar o que vou chamar aqui de custo médio para comparar estratégias de manutenção, ou seja, relacionar os custos requeridos para aplicar uma determinada estratégia de manutenção com o tempo médio entre falhas que a ela proporcionou. Dessa forma, a melhor estratégia é aquela que ofereça o menor custo médio.”

Colaboração: Edir dos Santos Alves - https://www.linkedin.com/in/edirdossantos/

Fonte: CanaOnline