Período seco favorece o carvão, uma das doenças da cana
29-06-2015

Uma das doenças que atinge a cana é o carvão, causada pelo fungo Sporisoriumscitamineum, cujo período seco favorece a disseminação, penetração e a infecção dos esporos pela lavoura.

O fungo causador da doença infecta tecidos não diferenciados, como os meristemáticos, e a base das escamas das gemas, colonizando, dessa forma, toda a planta. “O carvão é uma doença sistêmica, ou seja, uma vez que a planta é infectada, ele estará presente na touceira toda, inclusive nos perfilhos, o que implica diretamente na necessidade de controle da doença”, conta o gerente de qualidade e fitossanidade do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), Enrico De Beni Arrigoni.

Uma vez infectada, a planta pode apresentar um comportamento diferenciado, como limbo foliar estreito e curto, colmos mais finos e, ocasionalmente, superbrotamento da touceira. Figueiredo, do IAC, afirma que o fungo modifica o meristema apical da cana, liberando o sintoma mais característico da doença, denominado “chicote”, de tamanhos diferentes, que surge, inicialmente, coberto com uma capa prateada, que depois se rompe liberando estruturas reprodutivas do fungo, chamadas de teliósporos, de coloração preta e semelhante a um pó fino, lembrando pó de carvão. “Além do meristema apical, os chicotes podem aparecer nas brotações laterais, pela planta já infectada, ou por teliósporos vindos do ar que realizam novas infecções nas gemas do colmo”.

Segundo ele, em certas regiões do Brasil, o nível de infestação é muito alto, favorecido pela disseminação dos esporos pelo vento, principalmente em regiões de solos arenosos e com baixa retenção de água, de fraca fertilidade e reforçado pelo longo período de seca. “Nestas condições, esse patógeno pode até quebrar a resistência de muitas variedades comerciais importantes para o setor, consideradas, até então, como resistentes”, afirma Figueiredo.

Com relação aos prejuízos econômicos causados pela doença, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Pery Figueiredo, afirma que há casos de perdas elevadas de até 60% da produção e, em outras ocasiões, os danos são bem menores. “A manifestação do carvão em uma mesma variedade difere muito em função da qualidade da muda. As originárias de viveiros com tratamento térmico, rogadas, geralmente são isentas da doença quando seguido de plantio em solos bem preparados e desinfestados de focos da doença”.

Para Arrigoni, do CTC, em variedades suscetíveis, podem ocorrer perdas médias de 40% na produção agrícola. “Determinou-se que cada 1% de touceiras infectadas resulta em 0,89% de redução na produção de cana (TCH)”.

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