Plano paulista de irrigação amplia faixa de uso e espera dobrar área irrigada até 2030
28-08-2025

Expectativa do “Irriga+SP” é expandir a área irrigada em São Paulo de 6% para 15% até 2030. Foto: Banco de imagens Internet
Expectativa do “Irriga+SP” é expandir a área irrigada em São Paulo de 6% para 15% até 2030. Foto: Banco de imagens Internet

Agora, produtores de até 1000 hectares podem se beneficiar do fornecimento de crédito e suporte técnico proporcionado pelo programa “Irriga+SP”

Em um cenário cada vez mais marcado por eventos climáticos extremos — secas prolongadas, chuvas irregulares e temperaturas imprevisíveis —, a irrigação surge como a principal aliada na busca pela segurança alimentar, estabilidade da produção agrícola e sustentabilidade no uso dos recursos naturais.

Embora figure entre os dez maiores irrigantes do mundo - com cerca de 9 milhões de hectares irrigados -, o Brasil ainda está aquém de seu potencial. Segundo o Atlas da Irrigação, da Agência Nacional de Águas (ANA), o país possui um potencial efetivo de ampliação da área irrigável na casa dos 11,2 mi/ha.

Pensando em se aproximar desse número, a Desenvolve SP, uma agência de fomento do Estado de São Paulo, lançou em 2024 um plano de irrigação sustentável chamado de “Irriga+SP”, que visa ampliar e fortalecer a agricultura irrigada no Estado através do fornecimento de crédito e suporte técnico para pequenos e médios agricultores. A expectativa é que, através desse projeto, a área irrigada paulista cresça dos atuais 6% para 15% até 2030.

Engenheiro agrônomo e membro do grupo técnico de irrigação da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Carlos Eduardo Rosa, explica que o “Irriga+SP” prevê diagnósticos e hierarquização das áreas aptas para irrigação no Estado, levantamento da infraestrutura necessária, indicação dos melhores métodos de irrigação para cada propriedade/região, instituição de políticas públicas e fontes de financiamento e a criação de uma Câmara Temática de Irrigação Sustentável (CTIS).

Recentemente, o programa sofreu uma alteração, expandindo a faixa de uso para produtores com até 1000 hectares. Anteriormente, o limite para participação era de 500 hectares. Com relação as condições de financiamento, o projeto institui taxas a partir de 0,39% ao mês. O prazo de pagamento é de até 60 meses, com carência de até 18 meses para projetos e de até 12 meses para máquinas e equipamentos.

Rosa frisa que até 100% dos valores podem ser financiados. Os itens incluem desde equipamentos para irrigação automatizada, estações meteorológicas, sensores de solo e clima, painéis solares fotovoltaicos, drones de pulverização, softwares de gestão, estufas agrícolas, sistemas de captação de águas pluviais e de tratamento de águas residuais, reservatórios e tanques de água, tubulações e sistemas de bombeamento até o treinamento e capacitação técnica das equipes.

Lembrando que o programa é exclusivo para agricultores paulistas, podendo ser acessado por meio dos parceiros credenciados: Coopercitrus, Coplacana e Holambra Cooperativa Agroindustrial.

“Irriga+SP” coloca o pequeno e o médio produtor no centro da inovação

Regina Célia de Matos Pires: “A irrigação é uma das técnicas com maior potencial de impactar positivamente a produtividade, qualidade e longevidade da cultura”

Foto: Arquivo CanaOnline

Com apoio técnico, capacitação e acesso a crédito, o “Irriga+SP” auxilia os pequenos e médios produtores a entrarem de vez no mundo da irrigação, criando uma nova era de prosperidade no Estado, que verá suas lavouras mais produtivas e seus recursos hídricos, preservados.

Pesquisadora científica, vice coordenadora do Instituto Agronômico (IAC) e conselheira do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC), Regina Célia de Matos Pires afirma que o “Irriga+SP” transformará a irrigação em um motor de desenvolvimento agrícola para pequenos e médios produtores paulistas.

“A irrigação é uma das técnicas com maior potencial de impactar positivamente a produtividade, qualidade e longevidade da cana-de-açúcar. Mas esses não são seus únicos benefícios. Ela também melhora atributos qualitativos das áreas e promove segurança de aporte de água. Sem falar das possibilidades de aplicação de vinhaça, águas residuárias, fertirrigação e quimigação; de favorecimento da programação de plantio, colheita e logística e da promoção da eficiência do uso da água e dos nutrientes.”

No entanto, Regina ressalta que existem alguns pontos que merecem atenção, como a seleção de cultivares com respostas diferenciadas à água, adequação de estratégias de manejo com os métodos de irrigação, potencialidades e limitações e treinamento dos operadores. “Precisamos lembrar que cultivo irrigado é diferente de cultivo de sequeiro + água”, reforça a conselheira do GIFC.

Com mais de três mil associados, o Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC) se consolida como uma associação sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é a difusão de conhecimento sobre a irrigação e fertirrigação em cana-de-açúcar, tecnologias essenciais para manter a competividade do negócio.

No dia 25 de setembro de 2025, o Grupo irá realizar um encontro técnico com o tema: irrigação em cana-de-açúcar e seus desafios: variedades responsivas, produtividade e colheitabilidade. O evento será realizado no Hotel Nacional de São José do Rio Preto/SP. As inscrições para o segundo lote terminam dia 31 de agosto! Não fique de fora! Inscreva-se já: https://forms.gle/nggcdoyjPZPYQeez5