Por que os Estados Unidos estão de olho no açúcar brasileiro? Entenda
28-07-2025

Com produção limitada e demanda crescente, país depende cada vez mais do açúcar de cana importado
Por Rafaella Dorigo — São Paulo
Nos Estados Unidos, a maior parte do açúcar consumido ainda vem da produção interna — cerca de 70% — obtida principalmente a partir da beterraba e do milho. Porém, esse volume não é suficiente para atender toda a demanda. Por isso, o país importa os 30% restantes, sobretudo na forma de açúcar de cana bruto ou refinado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Ainda segundo o USDA, os Estados Unidos importam, em média, 1,3 milhão de toneladas de açúcar bruto por safra. O Brasil esteve entre os maiores exportadores para o país em quase todos os últimos cinco anos, mesmo com as tarifas de importação — que podem chegar a 50% fora das cotas definidas por acordos bilaterais.
A relação entre Brasil e Estados Unidos no comércio de açúcar voltou ao centro do debate após declarações de Donald Trump, que durante um comício na Flórida, criticou o uso de xarope de milho na fórmula da Coca-Cola e sugeriu que a bebida voltasse a ser adoçada com “açúcar de verdade”, em referência ao produto de cana. Em resposta, a Coca-Cola anunciou uma edição especial da bebida com açúcar de cana, voltada ao mercado americano.
A reação no mercado foi imediata. Segundo a Bloomberg, os contratos futuros do açúcar bruto subiram 2,9% na Bolsa de Nova York no dia seguinte à fala de Trump, fechando a 20,43 centavos de dólar por libra-peso — o maior patamar desde o fim de junho.
Países como México, Guatemala e República Dominicana também exportam açúcar para os Estados Unidos, mas em menor escala e com mais limitações logísticas. Já o Brasil conta com usinas integradas, produção mecanizada, grandes tradings e uma infraestrutura portuária consolidada, o que o torna mais competitivo para atender demandas de maior volume.
Segundo a Organização Internacional do Açúcar (OIA), o Brasil lidera as exportações globais de açúcar de cana, respondendo por cerca de 50% do volume comercializado no mundo. Na safra 2025/26, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma produção brasileira de 42,2 milhões de toneladas, com aproximadamente 70% desse total destinado à exportação.
Além do volume, o açúcar brasileiro se destaca pela competitividade de preços, regularidade no fornecimento e capacidade logística. A maior parte das exportações parte dos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), com destino a mercados da Ásia, Oriente Médio e América do Norte.
Fonte: Globo Rural