Preço do açúcar sobe e o do café cai na bolsa de Nova York
19-09-2024
Sessão também foi de alta para cacau e suco de laranja e de queda para o algodão
Por Isadora Camargo, Gabriella Weiss e Raphael Salomão — São Paulo
Os contratos de açúcar demerara com entrega para março de 2025, os mais negociados na bolsa, fecharam em forte alta na bolsa de Nova York nesta quarta-feira (18/9), avançando 5,69%, com cotação de 21,53 centavos de dólar por libra-peso. Fatores macroeconômicos colaboraram para a perspectiva altista, com a queda da taxa anual de inflação dos Estados Unidos e em dia de ajuste nos juros americanos.
Além disso, a forte alta nos preços de petróleo contribuíram com a alta de preço do açúcar, uma vez que há expectativa que de um mix de produção mais alcooleiro por parte das usinas de cana-de-açúcar para suprir a demanda por combustíveis.
A Hedgepoint Global Markets destaca o relatório da União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (Unica), que apontou um mix de açúcar abaixo do que o esperado, de 48,85%, contrariando as previsões de mais de 49%.
“Apesar dos desenvolvimentos altistas em relação aos biocombustíveis, os preços do açúcar ainda seguem dependentes da paridade das exportações indianas, com sua participação no comércio internacional restrita a preços superiores a 20-21 centavos por libra-peso”, destacaram os analistas.
Lívea Coda, especialista em mercado da consultoria, explica que o ambiente de mercado para o setor de açúcar e etanol continuou a mostrar sinais de fraqueza. Diante da situação, o complexo de energia vem "lutando para manter seus ganhos".
“Apesar disso, o açúcar permaneceu resiliente, apoiado pela seca em curso no Centro-Sul do Brasil. Durante a primeira quinzena de setembro, a região passou por condições quentes e secas, sem alívio à vista. A baixa umidade relativa do ar e as altas temperaturas nas principais áreas produtoras de cana geraram preocupações com o aumento do número de incêndios nos campos”, diz.
A quarta-feira foi de baixa para o café arábica na bolsa de Nova York. O contrato mais negociado, para dezembro de 2024, caiu 0,04%, encerrando a US$ 2,6440 por libra-peso. O vencimento para março de 2025 ajustou para US$ 2,62.
O Barchart avaliou que previsões do banco holandês Rabobank, de aumento na oferta global de café, pressionaram as cotações. De outro lado, o mercado segue acompanhando a previsão do tempo no Brasil e seus possíveis efeitos sobre os cafezais. O tempo mais quente e seco sobre áreas de produção pode afetar a saúde das plantas e o desenvolvimento da próxima safra.
“É certo que já existem danos, e não são pequenos, na formação da próxima safra”, avalia Eduardo Carvalhaes, analista e comerciante de café. “A seca continua, a situação dos cafezais é bastante preocupante”, acrescenta.
Carvalhaes afirma que a previsão do tempo aponta para chuvas mais regulares sobre as regiões de café apenas para meados de outubro. Até lá, a permanecer a situação atual, será suficiente apenas para estancar perdas da safra nova.
“Nós só vamos ter alguma certeza de como vai ser a safra 2025 em março. Não temos certeza ainda nem sobre a safra deste ano. E não é só no Brasil. Há problemas no Vietnã, na América Central”, pontua.
Na visão do especialista, os fundamentos apontam para viés de alta nos preços internacionais do café. Neste cenário, ele avalia que as oscilações de preço na bolsa neste momento atende mais a interesses de curto prazo, particularmente a movimentação de fundos de investimento.
“Os fundamentos continuam os mesmos. O consumo vai bem. A Europa está estabilizada, até crescendo um pouco. Cresce na Ásia toda, em alguns países produtores, como Vietnã e Indonésia. E o Brasil continua sendo o maior supridor deles todos. E vai ser cada vez mais importante. Não há país que tenha avançado tanto na produção, tanto em qualidade quanto em produtividade”, explica.
Na sexta-feira (13/9), a Commodity Futures Trading Comission (CFTC), órgão dos Estados Unidos que regula o mercado de derivativos, informou que os fundos reforçaram sua aposta em alta nas cotações. Entre os dias 3 e 10 de setembro, a posição líquida (diferença entre papéis de compra e venda) comprada passou de 56,2 mil para 56,6 mil contratos.
Os contratos de cacau com vencimento para dezembro de 2024 subiram 2,55% em Nova York. Os preços encerraram em US$ 7.814 a tonelada. A volatilidade marca as negociações da amêndoa. De um lado, agentes de mercado ganham posições de venda, depois das altas históricas. De outro, Gana e Costa do Marfim - maiores produtores globais - passam por expansão da economia, decisões políticas de elevar o preço pago ao produtor local e clima, que atinge a oferta do produto.
A Bloomberg informou que Gana vivencia um período de eleições presidenciais. No país, a produção de cacau caiu pelo quarto trimestre consecutivo, em 26,2%. “Gana é o segundo maior produtor mundial do ingrediente usado no chocolate e viu a produção despencar devido a condições climáticas adversas, doenças, falta de insumos e contrabando dos grãos.”
Algodão
Os futuros de algodão com entrega para dezembro, mais negociados na bolsa de Nova York, fecharam em queda de 1,23%, a 71,27 centavos de dólar por libra-peso. A queda amplia a redução de ontem, com a percepção de que a alta de segunda-feira foi exagerada, pontua Jack Scoville, do The Price Futures Group.
Existem ainda preocupações sobre a demanda, especialmente em Bangladesh e China, em meio a uma perspectiva de aumento na produção dos EUA no próximo ano, aponta o analista. A procura tem sido mais fraca até agora, mas há esperanças de uma recuperação com a queda nos preços.
Os EUA devem ter boas lavouras, mesmo após um período de calor intenso e com chuvas significativas se aproximando da região, mas as colheitas em outras áreas estão mais incertas.
Suco de laranja
As negociações de contratos futuros de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) com entrega para novembro fecharam em alta de 2,22%, a US$ 4,9650 a libra-peso.
Fonte: Globo Rural

