Primeira picape híbrida flex concebida por brasileiros combina tração 100% elétrica com gerador movido a etanol
13-08-2025

Produção começa em 2026 em fábrica de R$ 500 mil m² no Espírito Santo

Por Andréia Vital

A indústria automotiva nacional ganhou nesta terça-feira (12) um novo capítulo com a apresentação oficial da Lecar Campo Híbrida Flex durante a Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho - SP. Desenvolvida pela Lecar Brasil, sob liderança do empresário capixaba Flávio Figueiredo Assis, a picape é a primeira híbrida flex projetada e fabricada por uma montadora brasileira, unindo inovação tecnológica, uso estratégico do etanol e foco na sustentabilidade.

O modelo se posiciona no segmento das picapes compactas, sendo ligeiramente maior que a Fiat Strada, e apresenta um design de linhas futuristas. Sua principal inovação está no sistema de tração 100% elétrica alimentado por um gerador a etanol ou gasolina, dispensando a necessidade de recarga em tomadas. A solução combina um motor a combustão flex da Horse — fornecedora dos motores da Renault — com um gerador elétrico produzido pela WEG, responsável por carregar o banco de baterias que alimenta o motor elétrico de tração.

A produção será realizada em uma nova planta industrial de 500 mil m² que a Lecar erguerá em Sooretama, no Norte do Espírito Santo. A unidade terá capacidade para 120 mil veículos por ano e localização estratégica próxima a portos, aeroportos e grandes centros urbanos do país, reduzindo custos logísticos e otimizando a distribuição. O início da fabricação está previsto para agosto de 2026, e a lista de reservas já está aberta no site da empresa.

A Campo Híbrida Flex entrega 165 cavalos de potência, autonomia de até 1.000 km com apenas 30 litros de etanol e capacidade de carga líquida de 650 kg, distribuídos em uma caçamba de 1,30 m de comprimento. O modelo mede 4,50 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,60 m de altura e tem entre-eixos de 2,70 m. Será equipada com pneus Pirelli Scorpion All-Terrain Plus 215/R70 de 16 polegadas e contará com para-choques indestrutíveis desenvolvidos com a tecnologia DCPD.

A arquitetura do veículo inclui ainda o sistema de extensor de autonomia, no qual o etanol ou gasolina gera energia elétrica para o motor de tração, e a plataforma Open Pilot (ADAS) para assistência avançada à direção. A plataforma de produção automotiva e o sistema powertrain serão compartilhados com outros modelos da marca, como o SUV 459 Híbrido Flex e o SUV Lecar Tático, também previstos para 2026.

Preço e reservas

O valor promocional de lançamento da Campo foi fixado em R$ 159.300, válido até 31 de dezembro de 2025. A reserva é feita mediante pagamento de sinal no site da montadora, com possibilidade de personalização de alguns itens conforme a configuração desejada pelo cliente.

O projeto da Campo priorizou fornecedores brasileiros. Componentes como suspensão, freios e sistema de abastecimento são fornecidos por empresas do Grupo Randon — Suspensys, Freios Frazer e Caprio —, enquanto a WEG fornece o gerador de energia elétrica. Essa estratégia busca não apenas fortalecer a indústria local, mas também assegurar maior autonomia tecnológica e logística.

Etanol como diferencial estratégico

Segundo Assis, a escolha pelo etanol não é apenas técnica, mas estratégica para o posicionamento do Brasil no cenário global de mobilidade sustentável. “Estamos entregando um produto que combina desempenho, sustentabilidade e independência energética. Enquanto muitos híbridos ainda dependem de combustíveis fósseis, a Lecar prioriza o etanol por ser renovável, amplamente disponível e com menor impacto ambiental. O combustível do nosso carro é também o combustível do Brasil”, afirmou o CEO.

O executivo reforçou que a apresentação da Campo durante a Fenasucro & Agrocana tem como objetivo aproximar a Lecar do setor produtivo do etanol, estabelecendo parcerias que consolidem a imagem do país como líder em soluções verdes. “O mundo não conhece como o Brasil usa o etanol na mobilidade. Temos uma oportunidade única de sermos protagonistas dessa transição energética”, concluiu.

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