Primeira unidade de produção de SAF a partir do etanol brasileiro deverá começar produção em setembro
18-07-2025
A Freedom Pines Fuels deverá produzir 10 milhões de galões de SAF e diesel renovável por ano a partir do biocombustível
A LanzaJet, empresa norte-americana voltada para combustíveis renováveis, anunciou que sua fábrica projetada exclusivamente para produzir combustível sustentável de aviação (SAF) a partir do etanol deverá finalmente entrar em operação até o final de setembro. Instalada em Soperton, na zona rural do estado da Geórgia, a unidade teve sua produção adiada por sucessivos entraves técnicos e agora está pronta para iniciar as atividades com etanol brasileiro como matéria-prima inicial.
Avaliado em US$ 200 milhões, o projeto deveria ter iniciado a produção comercial no ano passado, mas enfrentou problemas com equipamentos, segundo o CEO da empresa, Jimmy Samartzis, em entrevista à Bloomberg News. “Minha expectativa é de que, até o final do terceiro trimestre, estejamos operando plenamente”, afirmou o executivo. “As adaptações que fizemos nos equipamentos que estavam dificultando a operação, e que não têm relação direta com a tecnologia em si, devem resolver a questão”.
A instalação é considerada um marco para a indústria de combustíveis renováveis, sendo a primeira do mundo desenvolvida especificamente para fabricar SAF a partir do etanol. Para os testes-piloto, a LanzaJet utilizou etanol de cana-de-açúcar do Brasil, mas, mesmo após mais de um ano, ainda não conseguiu comercializar o produto no mercado aberto.
Apesar de a LanzaJet ter sido financiada com recursos do governo dos Estados Unidos, a legislação atual representa um obstáculo ao uso contínuo do etanol brasileiro. A lei que regula o crédito fiscal 45Z — voltado à promoção de combustíveis renováveis — exige que os insumos sejam de origem norte-americana e que contribuam com ao menos 50% de redução nas emissões de gases de efeito estufa.
Ocorre que a maior parte do etanol de milho produzido nos EUA não atende a esse limite de corte, tornando o insumo brasileiro, mais limpo em termos de emissões, uma alternativa tecnicamente mais viável, mas sem acesso aos benefícios fiscais.
Mesmo diante dessa limitação, a LanzaJet optou por iniciar suas operações com o etanol brasileiro, abrindo mão temporariamente do crédito fiscal. Samartzis afirma que a mudança para matérias-primas locais é uma prioridade futura da empresa, mas defende publicamente a revisão do percentual mínimo de redução de emissões para algo em torno de 30%, o que ampliaria o uso do etanol norte-americano.
Desde que o presidente Joe Biden estabeleceu a meta de produzir 3 bilhões de galões de SAF por ano até 2030, o mercado de combustível sustentável de aviação tem registrado crescimento acelerado. Segundo dados oficiais do governo dos EUA, a produção anual saltou de patamares iniciais para 38,7 milhões de galões em 2024 — um aumento de mais de sete vezes.
A planta da LanzaJet na Geórgia deverá contribuir com esse avanço, produzindo anualmente cerca de 10 milhões de galões de SAF e diesel renovável quando estiver em plena operação. A expectativa é de que essa unidade sirva como vitrine para outras iniciativas similares ao redor do mundo.
Redação com informações da Bloomberg News

