Produção de açúcar das Filipinas deve permanecer estável em 2026, afirma USDA
01-12-2025
Por outro lado, ocorrência de pragas e La Niña acendem alerta para recuperação industrial
A produção de açúcar das Filipinas deverá permanecer praticamente estável em 2,085 milhões de toneladas no ano-safra 2026, informou o escritório agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em relatório divulgado nesta quarta-feira (26).
Apesar de expansão de área em Mindanao, o país enfrenta riscos de queda na recuperação industrial por causa da infestação do inseto red-striped soft scale (RSSI) e do impacto esperado do fenômeno La Niña sobre o teor de sacarose.
De acordo com o relatório, a praga já afeta 6,3 mil hectares — o equivalente a menos de 2% da área nacional — sendo quase 5 mil hectares apenas na ilha de Negros, que responde por mais de 60% da produção nacional. Enquanto o norte da ilha deve registrar menor rendimento, o sul mantém bom desempenho, o que deve compensar parte das perdas.
Em 29 de setembro, o governo publicou a Sugar Order nº 1, destinando 100% da produção de 2026 ao mercado doméstico, sem previsão de exportações. A medida segue a estratégia do país de priorizar o abastecimento interno diante do consumo estável — estimado em 2,2 milhões de toneladas — e da expectativa de estoques elevados ao fim do ciclo.
Historicamente, as Filipinas enviam açúcar bruto aos Estados Unidos pelo sistema de cotas tarifárias da OMC, mas o adido afirma que não há previsão de embarques em 2026, e o país ainda avalia se enviará volume referente à cota TRQ americana.
O USDA projeta aumento da área de cana em 2026 para 400 mil hectares, impulsionado pela conversão de áreas de banana em Mindanao devido ao avanço da ferrugem Fusarium (doença Panamá). Em contrapartida, parte das regiões de Luzon perde área para expansão urbana.
Mesmo com importações recentes autorizadas pelo governo, os preços no varejo continuam elevados. O açúcar bruto variou entre US$ 1,39 e US$ 1,46/kg em 2025, enquanto o refinado ficou entre US$ 1,52 e US$ 1,66/kg. Os custos altos limitaram o consumo, que permanece estagnado pelo terceiro ano consecutivo.
O relatório destaca ainda a escalada dos preços de muscovado, açúcar mascavo artesanal que ganhou espaço no mercado interno e externo. Em 2025, o produto atingiu preço médio de PHP 130/kg, com exportações remunerando “até quatro vezes mais” que o mercado doméstico.
Para 2026, o USDA não prevê importações de açúcar bruto, mas estima a entrada de 208 mil toneladas de açúcar refinado, volume remanescente da autorização concedida em 2025 pela Sugar Order nº 8. Estoques elevados no início da safra devem manter o mercado abastecido.
Fonte: DATAGRO

