Produção de açúcar pode ser recorde na nova safra, diz Cepea
03-01-2024
Com menor remuneração do etanol, usinas devem destinar mais cana para fabricação do adoçante
Por Marcelo Beledeli — Porto Alegre
Consultorias nacionais estimam que a região Centro-Sul do Brasil pode moer mais de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na temporada 2024/25 (que inicia-se oficialmente em abril), e as usinas devem destinar maior quantidade de cana para a produção de açúcar.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, essa prospecção se baseia nos preços relativos do adoçante e do etanol – cálculos do Cepea mostram que, em alguns momentos de 2023, o açúcar negociado no spot do estado de São Paulo chegou a remunerar 100% mais que o etanol.
Os preços mais elevados devem incentivar a produção de açúcar na próxima safra na região Centro-Sul, superando, inclusive, o recorde da atual temporada 2023/24. Estimativas do setor indicam que a produção do adoçante pode atingir 43 milhões de toneladas em 2024/25.
Segundo pesquisadores do Cepea, o maior volume deve vir do mix mais açucareiro – estima-se que mais de 50% da cana seja destinada à fabricação de açúcar. Alguns fatores no campo macroeconômico, como petróleo mais barato e dólar menos estável, podem contribuir para uma safra mais açucareira, à medida que tendem a reduzir os valores da gasolina nos postos e diminuir a competitividade do etanol frente ao combustível fóssil.
O Cepea reforça que todas as dificuldades pelas quais o setor sucroenergético brasileiro vêm passando, especialmente no que diz respeito à baixa remuneração do etanol, não têm impedido iniciativas dos agentes produtivos a desenvolverem projetos e/ou implementá-los para assegurar a viabilidade de permanecer produzindo biocombustíveis.
Do governo, o setor espera alguma sinalização visando assegurar um aumento de demanda de biocombustíveis e a viabilidade de permanência da produção de etanol – uma possibilidade factível seria passar para 30% o uso do biocombustível na mistura com gasolina A, ao invés dos 27% atuais. Isso se torna importante, especialmente no momento em que a oferta de etanol de milho passa a ser representativa no mercado.
Fonte: Globo Rural

