Produtor aposta no manejo integrado de pragas e alcança índice de infestação de broca de apenas 0,1%
24-11-2020
Para José Odilon de Lima Neto, a rotação de ativos é ideal para não criar populações resistentes. Porém, mercado precisa de mais moléculas com diferentes modos de ação
Leonardo Ruiz
Localizados no município paulista de Jardinópolis, SP, os canaviais do produtor José Odilon de Lima Neto recebem anualmente aplicações de inseticidas para o manejo da broca-da-cana (Diatraea saccharalis). Não tem conversa. O objetivo é tentar frear ao máximo os danos causados pela praga, que vem há mais de uma década assombrando os profissionais do setor sucroenergético nacional.
Desde o fim do corte manual e, consequentemente, da queima da palha antes da colheita, passaram a ocorrer registros de explosões populacionais da broca-da-cana em praticamente todas as regiões produtoras de cana-de-açúcar do país. Mas a falta do fogo não foi a única razão para sua rápida “escalada” pelas lavouras brasileiras. Variedades mais suscetíveis, expansão da cultura para regiões mais quentes e propícias ao desenvolvimento da praga – e inadequadas para a Cotesia flavipes – e a falta de controle em diversas usinas e agrícolas também foram fatores determinantes para que a broca ganhasse cada vez mais espaço.
E, por onde passa, os danos são gigantescos. E não ficam restritos aos canaviais. Os orifícios criados por ela funcionam como porta de entrada de microrganismos - fungos e bactérias -, que geram impactos negativos no rendimento industrial e também sobre a qualidade dos produtos finais (açúcar e etanol). Estimativas apontam que as perdas podem chegar a R$ 5 bilhões por safra, já que a cada 1% de infestação, perde-se, por hectare, 35kg de açúcar e 30 litros de etanol.
No setor, Índices de Infestação Final (IIF) de broca abaixo de 2% já são considerados excelentes, pois, com esses valores, já seria possível conviver com a praga em um nível de dano econômico relativamente baixo. No entanto, não é difícil encontrar canaviais que chegam a quase 10% de IIF. Por outro lado, existem também aqueles profissionais que fazem sua lição de casa. É o caso de José Odilon, que este ano está conseguindo manter o IIF de broca em sua propriedade em 0,1%. “Hoje, tenho uma porcentagem baixa de infestação, mas é porque faço o controle há anos, e nunca deixei esses números aumentarem.”
100% dos canaviais do produtor José Odilon de Lima Neto recebem aplicação de inseticidas
Foto: Arquivo pessoal
O segredo do produtor está no manejo integrado de pragas (MIP). Utiliza o controle químico, mas também aposta no controle feito pelos inimigos naturais da broca. Segundo Odilon, em média, 80% dos ovos de Diatraea são destruídos por inimigos naturais como as formigas joaninhas e tesourinhas. Por isso, é fundamental que o inseticida aplicado nessas áreas deva ser altamente seletivo a esses inimigos naturais, agindo em conjunto com eles para o manejo da praga.
Comumente, os ativos aplicados na propriedade Jardinopolense são os diamidas. No entanto, o proprietário salienta que a rotação é uma arma poderosa e essencial no controle da broca. “Sou a favor da alternância de moléculas, não só para pragas, mas também para o manejo de plantas daninhas. O objetivo é não criar resistência nessas populações.”
Recentemente, chegou ao mercado nacional um novo inseticida para a broca-da-cana. O Revolux, da Corteva, alia em sua formulação duas moléculas: Espinetoram e Metoxifenozida, sendo ideal para alternância de ativos. “Acho um ótimo lançamento. O mercado precisa de novos produtos e moléculas, uma vez que a rotação de grupos químicos é uma prática importantíssima para se ter sucesso no controle da broca-da-cana.”
Lagarta morta no exterior da cana atesta alta velocidade de ação do Revolux
Foto: Mauro Borges Barbosa
Com dois novos modos de ação para o controle da praga, o inseticida da Corteva possui rápida velocidade de ação sobre as lagartas; é adequado para manejo integrado com inimigos naturais; entrega alta performance mesmo em condições de alta pressão da praga e possui excelente período de controle. Indicado para aplicações desde as primeiras infestações, Revolux pode ser aplicado até duas vezes por ciclo da cultura.
Fonte: CanaOnline

