Produtores de cana registram aumento de produtividade agrícola e longevidade dos canaviais com adoção de irrigação por gotejamento
16-08-2023
Canavicultores apostam nos benefícios da tecnologia para alavancar rentabilidade de seus negócios
Por Leonardo Ruiz
Após sucessivas quebras de produção por conta da seca, o produtor nordestino George Guido, de Teotônio Vilela/AL, resolveu apostar na irrigação para tentar segurar sua produtividade agrícola e não amargar tantos prejuízos. “Numa safra mais úmida eu retirava cerca de 70 toneladas de cana por hectare (TCH). Na seguinte, vinha uma estiagem e baixava minha produção para 40 TCH. Mas os custos eram os mesmos. Minha percepção era de que essa instabilidade climática estava inviabilizando meu negócio. Diante desse cenário, comecei a olhar a irrigação com outros olhos.”
O início da mudança veio em meados de 2010, com a adoção do projeto de irrigação de salvamento por meio de canhões e carros irrigadores. “Esse sistema não alavancou minha produção, mas foi importante para impedir quebras drásticas nos anos de estiagem. Antes eu perdia quase 50% em safras secas. Hoje, essa queda, quando ocorre, se resume a 10%.” Atualmente, a propriedade possui 900 hectares de canaviais, divididos entre área própria e arrendada. O projeto de salvamento contempla cerca de 600 hectares.
Após essa empreitada bem-sucedida, George Guido começou a ser atraído pelo gotejamento, modalidade de irrigação que não apenas salvaria sua cana em anos secos, como impulsionaria a produtividade agrícola de seus canaviais. “Iniciei com uma malha hidráulica flexível da Netafim, instalada de forma superficial em um viveiro de 5 hectares. Com apenas sete meses, aquele canavial estava sem falhas e pronto para colheita.”
Após a implantação da irrigação por gotejamento superficial em mais algumas áreas, o produtor alagoano e fornecedor das usinas Coruripe (matriz) e Impacto Bioenergia instalou seu primeiro projeto de gotejamento subsuperficial. Nas palavras dele, o gotejamento superficial é excelente, mas o enterrado é outra história. “Com essa tecnologia, eu coloco água ‘na boca da cana’, e nos momentos em que ela mais precisa. Sem falar que consigo aplicar defensivos e nutrientes de forma parcelada utilizando essa mesma estrutura.”
Atualmente, Guido possui 90 hectares de irrigação por gotejamento subterrâneo na sua propriedade. Área que deve ser expandida para 130 hectares no próximo ano. De acordo com ele, a produtividade média desses canaviais chega a atingir 126 TCH. “Além de incremento na renda em função do aumento de produtividade, pretendo diluir meus custos de plantio ao levar essas levar essas áreas por, no mínimo, 10 anos sem reforma.”
Para o produtor, esses números mostram como a irrigação por gotejamento da Netafim é viável, não apenas para usinas, mas também para pequenos, médios e grandes fornecedores. “Essa tecnologia realmente compensa. O aumento na produtividade chega a ser de 50 TCH, sem falar na maior longevidade dos canaviais. Meu sonho é fechar todas minhas áreas no gotejamento”, confessa.
Produtor George Guido entre seus canaviais: à esquerda uma área de gotejamento; à direita, canavial de sequeiro
Foto: Arquivo pessoal
A experiência da Netafim em irrigação é fruto da vivência com a escassez hídrica em seu país de origem, Israel, onde os avanços em irrigação transformaram desertos em lavouras altamente produtivas. Na cana-de-açúcar, os benefícios da tecnologia de irrigação por gotejamento da companhia vão muito além do incremento de produtividade. Também incluem aumento da longevidade do canavial; estabilidade na produção; ampliação da cogeração de energia; diminuição dos gastos com CTT (Corte, Transbordo e Transporte); melhor pontuação no RenovaBio; maior geração de Créditos de Descarbonização (CBIOs); melhor eficiência no uso da água e menor dependência do clima.
Atualmente, a empresa oferece duas modalidades tecnológicas de gotejo para cana-de-açúcar. Em canaviais comerciais, é recomendada a irrigação por gotejamento subterrânea. Já em viveiros (Cantosi ou Meiosi), é possível instalar tubos gotejadores de forma superficial e movê-los para novas áreas sempre que necessário. Ambas as soluções podem ser instaladas de pequenos a grandes canaviais.
Assistência técnica local é essencial para tirar o máximo dos projetos de irrigação por gotejamento
A Netafim possui uma extensa rede de parceiros espalhada pelo país, auxiliando na instalação e manutenção de projetos e provendo treinamento para os colaboradores. Esse serviço é essencial para que usinas e fornecedores possam tirar o máximo possível de seus sistemas de irrigação.
Com mais de 70 anos de experiência em irrigação tecnificada para os mais diversos cultivos, a Asbranor é uma das parceiras da Netafim no Nordeste. O projetista Jânio da Silva Pereira afirma que a tecnologia de irrigação por gotejamento da empresa israelense tem sido uma grande aliada dos produtores e usinas na mitigação dos efeitos climáticos adversos que impactam a região.
Irrigação por gotejamento da Netafim tem sido uma grande aliada dos produtores e usinas na mitigação dos efeitos climáticos adversos
Foto: Divulgação Netafim
“Até alguns anos atrás, os produtores nordestinos possuíam certa resistência ao gotejamento. No entanto, temos percebido mudanças nessa ideologia. Somente a Asbranor vem realizando anualmente de 1000 ha a 2000 ha de projetos de irrigação subterrânea para a cultura da cana-de-açúcar.”
Pereira conta que a procura por sistemas de irrigação por gotejamento tem aumentado nos últimos anos por dois fatores principais: presença de uma assistência técnica de qualidade e propagação dos resultados pelas empresas que saíram na frente ao apostar nesse sistema ao longo da última década.
Jânio da Silva Pereira: “Até mesmo os pequenos canavicultores já perceberam que essa tecnologia [de irrigação por gotejamento] só tem a agregar ao negócio”
Foto: Leonardo Ruiz
“Até mesmo os pequenos canavicultores já perceberam que essa tecnologia só tem a agregar ao negócio. Além do aumento de produtividade com longevidade, temos uma ampla gama de outros benefícios. Os ganhos são tão expressivos que o valor investido no sistema pode voltar ao bolso do produtor em menos de quatro safras”, finaliza.

