Produtores de Mato Grosso do Sul e a arte de ressuscitar canaviais
06-06-2019
Canaviais com mais de 10 cortes altamente produtivos. O segredo é acertar o timing das operações
Quando a Usina Maracajú, desativada recentemente pela Biosev no Estado do Mato Grosso do Sul, devolveu uma área de sexto corte para Antônio de Moraes Ribeiro Neto devido ao fim do contrato, o produtor optou por não renovar o canavial. Naquele ano, o canavial estava bastante deteriorado e havia entregue uma produção agrícola de apenas 60 t/ha. “Aquela área estava claramente condenada. Mas achei que valia a pena recuperá-la, pois não queria arcar com o alto custo de implantação de um novo canavial.”
O produtor conta que o trabalho realizado não foi nada especial ou inovador. As pragas foram controladas, o solo corrigido e a adubação, feita. “Meu grande diferencial foi o timing das operações. Minha equipe fazia tudo na hora e nos dias corretos.”
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| Fonte: TCH Gestão Agrícola |
A tática surtiu efeitos positivos. No ano seguinte, já em sétimo corte, a área anteriormente “condenada” já produziu mais de 70 t/ha, um incremento de quase 20%. A partir dali os números foram subindo, chegando quase aos três dígitos. “Hoje, esse canavial já se encontra no 14º corte e, mesmo assim, ainda está acima da produtividade registrada quando essa área me foi entregue pela usina.”
Além dessa lavoura de 14º corte, Ribeiro Neto possui outro canavial longevo. De 13 cortes. Neste caso, a área foi implantada e tratada durante toda sua vida pelo próprio canavicultor. “Quando vi que a variedade alocada (SP80-1842) era boa, fiz um trabalho de conservação e recuperação. Retirei as pragas e plantas daninhas e conduzi uma excelente adubação, já que meu objetivo era tirar mudar dela, o que consegui com sucesso.”
| Antônio de Moraes Ribeiro Neto: “Meu grande diferencial foi o timing das operações. Minha equipe fazia tudo na hora e nos dias corretos” |
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| Foto: Arquivo pessoal |
A “arte” de ressuscitar canaviais vem se tornando comum no Mato Grosso do Sul, devido ao trabalho conduzido pela TCH Gestão Agrícola, criada por José Trevelin Jr, cuja meta é oferecer suporte aos produtores de cana. Uma das principais tarefas da companhia é ajudar agricultores que decidiram tomar conta das próprias lavouras. “A maioria daqueles que pegam um canavial em estágio avançado, o encontra numa situação alarmante. Meu trabalho é ajudá-los a ressuscitar essa lavoura, devolvendo produtividade para que ele não tenha que arcar com os altos custos que envolvem uma reforma e plantio.”
Para Trevelin, o segredo dessa operação é bastante simples: basta fazer a coisa certa na hora certa. “No meio canavieiro, ocorre um fenômeno chamado de perda no timing das operações. Todos sabem que tem que cultivar a cana, passar herbicida, fazer aplicação em taxa variável e utilizar técnicas de agricultura de precisão. Mas o grande problema é a perda do momento ideal dessas operações. A maioria pensa em fazer de acordo com a estrutura, quando o correto é fazer segundo o que a cultura exige.”
| José Trevelin: “Em meus trabalhos de recuperação de canaviais, tenho visto áreas completamente deterioradas serem tratadas e passarem a entregar altas produtividades” |
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| Foto: Arquivo pessoal |
Um exemplo, segundo ele, é a aplicação de herbicidas. “Por ser a última operação, ela acaba atrasando, sendo realizada com a cana em estágio avançado. A consequência são perdas por fitotoxicidade.” O consultor afirma que os canavieiros deveriam seguir o exemplo dos sojicultores, que trabalham com janelas ainda mais curtas. Muitas vezes, de apenas um dia. “São agricultores que sabem virar a curva de produtividade da cultura.”
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| Fonte: TCH Gestão Agrícola |
De acordo com Trevelin, os canavicultores que já entenderam essa questão estão conseguindo o mesmo feito na cana-de-açúcar. “Em meus trabalhos de recuperação de canaviais, tenho visto áreas completamente deterioradas serem tratadas e passarem a entregar altas produtividades. No ano passado, uma área de 17º corte rendeu 82 t/ha. Não houve truque de mágica. Apenas fizemos o necessário no tempo certo.”
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