Produtores de soja devem abandonar lavouras no Rio Grande do Sul
17-05-2024

Perdas causadas pelas chuvas nas lavouras de soja no Rio Grande do Sul ainda são contabilizadas — Foto: Emater-RS/Divulgação
Perdas causadas pelas chuvas nas lavouras de soja no Rio Grande do Sul ainda são contabilizadas — Foto: Emater-RS/Divulgação

Excesso de chuvas afetou a parcela de 24% das plantações que restavam ser colhidas no Estado

Por Paulo Santos — São Paulo

Enquanto as perdas causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda são contabilizadas, produtores de soja no Estado tentam finalizar a colheita no Estado na medida do possível. Até esta quinta-feira (16/5), os trabalhos em campo atingiram 85% da área, versus 78% da semana passada e 91% colhidos em igual período do ano passado, informa a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-RS).

Ainda que na última semana o volume de chuvas foi menor e permitiu a abertura de janelas para a realização da colheita, a qualidade dos grãos caiu “drasticamente” segundo a Emater. Além disso, o órgão espera que muitos produtores desistam de continuar com as operações em campo.

“O avanço [da colheita] provavelmente será pouco significativo nos próximos dias, já que muitas lavouras, dos 15% restantes, devem ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, a colheita dessas áreas não cobre os custos da operação, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas”, disse a Emater, em boletim.

Além disso, à medida em que muitos agricultores optam por adiar a colheita, as perdas esperadas para a safra aumentam, já que o retardo das máquinas em campo provoca a abertura de vagens, a germinação de grãos e ainda favorece a proliferação de fungos.

“O excesso de chuvas, desde o final de abril, afetou a parcela de 24% [das lavouras] que restavam ser colhidos no Estado. Essas lavouras apresentam perdas que variam de 20% a 100%. Os prejuízos serão maiores nas regiões centro, sul e oeste do Estado, onde grandes extensões ainda não haviam sido colhidas”, pontuou a empresa de assistência técnica rural.

Por fim, a Emater não mudou sua estimativa de produtividade para as lavouras de soja gaúchas, que permaneceu em 3.329 quilos por hectare. No entanto, alertou que ela deverá variar negativamente, a depender do rendimento observado nos campos que ainda serão colhidos, e também aqueles em que as perdas são irreversíveis.

A projeção para safra de soja em 2023/24 permanece em 22,2 milhões de toneladas. Em contrapartida, agentes de mercado já dão como certa uma colheita abaixo das 20 milhões de toneladas.

 Fonte: Globo Rural