Projeções revisadas para a safra de café 2025/26 indicam queda no arábica e alta no conilon
11-02-2025

Produção total de café no Brasil cresce levemente, impulsionada pelo conilon, enquanto o arábica enfrenta desafios climáticos

A Hedgepoint revisou suas estimativas para a safra 2025/26 de café no Brasil, reduzindo a projeção de produção do arábica de 42,6 milhões de sacas para 41,1 milhões, uma retração de 4,9% em comparação com a safra anterior. A queda reflete as condições climáticas adversas nas principais regiões produtoras, como Sul de Minas, Zona da Mata e São Paulo, que registraram precipitações abaixo da média.

Em contrapartida, as previsões para o conilon foram ajustadas para cima, passando de 22,6 milhões de sacas para 23 milhões, um avanço de 14,3% em relação à safra 2024/25. O crescimento da produção se deve ao clima favorável nas regiões do Espírito Santo, Bahia e Rondônia, além do aumento nos investimentos por parte dos produtores, que resultaram em ganhos na produtividade.

Com a atualização dos números divulgada pela Hedgepoint Global Markets no final de janeiro, a projeção total da safra brasileira de café 2025/26 chegou a 64,1 milhões de sacas. O crescimento de 1,1% no volume geral é inteiramente atribuído ao conilon, já que a produção de arábica segue tendência de queda.

Condições climáticas e impacto na produção do arábica

As condições meteorológicas foram determinantes para a redução da estimativa de produção do arábica. Após um período de seca e temperaturas elevadas entre agosto e setembro de 2024, as chuvas retornaram em outubro, proporcionando alguma recuperação para as lavouras. No entanto, em janeiro de 2025, as precipitações voltaram a ficar abaixo da média, enquanto fevereiro trouxe um volume mais expressivo de chuvas.

A distribuição irregular da umidade afetou de forma distinta as regiões produtoras. Enquanto Sul de Minas e Zona da Mata enfrentaram déficits hídricos significativos, o Cerrado Mineiro conseguiu manter níveis de precipitação próximos da média histórica. Além disso, as temperaturas ficaram acima da média dos últimos dez anos, influenciando a umidade do solo e, consequentemente, o desenvolvimento das lavouras.

Outro fator que contribuiu para a redução na projeção do arábica foi a decisão de muitos produtores de intensificar as podas para priorizar a produção da safra 2026/27, impactando a colheita imediata.

"Diante dessas condições, nossa estimativa para a safra 2025/26 do arábica foi revisada para 41,1 milhões de sacas, refletindo uma queda de 4,9% em relação ao ciclo anterior", explica Laleska Moda, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.

A menor oferta de arábica pode repercutir nas exportações, que tendem a recuar em comparação aos volumes recordes de 2024/25. Além disso, os estoques devem iniciar o novo ciclo em níveis reduzidos, o que pode limitar novas negociações. No mercado interno, a expectativa é que torrefadores aumentem a utilização do conilon nos blends, em resposta à alta nos preços do arábica.

Conilon em alta: produção cresce, mas estoques permanecem baixos

O cenário para o conilon é mais positivo. A produção da variedade cresceu graças às condições climáticas favoráveis em estados como Espírito Santo, Bahia e Rondônia, além dos investimentos em tecnologia e manejo por parte dos cafeicultores.

"Revisamos nossa projeção para a safra 2025/26 do conilon para 23 milhões de sacas, um crescimento expressivo de 14,3% frente ao ciclo anterior", afirma Laleska Moda.

Mesmo com esse avanço, os estoques de passagem devem permanecer historicamente baixos. A redução na produção em países concorrentes, como o Vietnã, pode impulsionar as exportações brasileiras de conilon. No entanto, a oferta limitada pode restringir os embarques, equilibrando a demanda externa.

No mercado interno, a diferença de preços entre o arábica e o conilon deve estimular um aumento no consumo deste último, reforçando sua participação nos blends e garantindo um cenário mais dinâmico para o setor cafeeiro.