Química verde pode elevar ainda mais o status da cana
19-02-2016

Sabe-se que a partir da cana-de-açúcar é possível fazer a maior parte dos produtos que hoje são derivados do petróleo

A cana-de-açúcar não leva os pesquisadores para a bancada apenas visando melhorar a obtenção de açúcar e etanol. Outra linha de estudos pode elevar ainda mais o status desta planta.

Sabe-se que a partir da cana-de-açúcar é possível fazer a maior parte dos produtos que hoje são derivados do petróleo. E com o transcorrer das pesquisas com a cana e o etanol, diferentes oportunidades já são viáveis economicamente. Um dos campos mais avançados dentro da cadeia de valor da cana-de-açúcar e que liga o setor com o futuro é a Química Verde, que abre um vasto espectro de possibilidades de produtos de alta qualidade e menor impacto ambiental.

A pesquisadora Maria Teresa Borges Pimenta Barbosa, do CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol), explica que Química Verde é o desenvolvimento da tecnologia para obtenção tanto de processos como de produtos químicos que possam minimizar ou eliminar substâncias que são prejudiciais tanto à saúde como ao meio ambiente.

A Química Verde tem a sustentabilidade como ponto de partida. No Brasil, o investimento neste tipo de tecnologia é promissor, mas requer a continuidade dos investimentos para ganhar viabilidade econômica. “Pesquisamos blocos químicos de fontes renováveis (produtos derivados da biomassa), o que inclui na lista os alcoóis. Neste caso, quando visamos produtos derivados de alcoóis, falamos de alcoolquímica.”

Entre os produtos da Química Verde, Maria Tereza destaca os polímeros, que vêm da rota do etanol de primeira geração (um combustível renovável e limpo) para a produção do polietileno verde, que já é uma realidade do mercado. Ela explica que, apesar de o polietileno verde originar-se de uma matéria-prima de fonte renovável e ter um balanço limpo em seu processo de fabricação, quimicamente é um produto comparado ao polietileno feito a partir da nafta. “São polímeros iguais. Não é porque o produto verde vem de uma matéria-prima limpa e renovável que tem biodegradabilidade diferente, por exemplo. A vantagem está na origem do polímero. A cana, ao crescer, absorve parte do CO2.”

Maria Teresa afirma ainda que existem diversos outros blocos químicos que podem ser produzidos a partir da cana-de-açúcar, além do biocombustível. “Ao invés de fazer alguns solventes do petróleo, é possível fazer do bagaço.” Ela cita ainda alguns blocos químicos: biobutanol; o próprio etanol de segunda geração; ácidos orgânicos, como o ácido acético; fenóis; hidroximetilfurfural etc. “São muitos blocos que hoje são produzidos pela rota petroquímica e podem ser produzidos pela biomassa (alcoolquímica).”
Como se vê, se tudo der certo, com a contribuição da cana, o futuro do planeta pode ser muito mais verde.

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