Raspagem em argissolos
11-10-2024
O manejo de separar a camada superficial do canavial e devolver o material orgânico à base do terraço
O Linkedin é uma rede que apresenta excelente troca de ideias sobre práticas de manejo agrícola, uma delas é esta postada por Guilherme Castioni, especialista em manejo, conservação e sistematização de solos no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). “O colchão de palha que cobre o solo é renovado a cada colheita, criando um ciclo contínuo de decomposição e formação de matéria orgânica na superfície. No entanto, quando o solo é raspado ou escavado para a construção de terraços, a camada superficial mais rica em material orgânico — chamada de ‘camada gorda’ — é perdida”, colocou Guilherme.
“Pensando nisso, realizamos a dinâmica mostrada nas fotos, cujo objetivo foi separar a camada superficial e devolver o material orgânico à base do terraço. Mesmo sendo uma área queimada, conseguimos demonstrar que é possível cobrir os terraços com material orgânico melhorando o suporte para as plantas, além de reduzir a área mobilizada, que, neste caso, foi limitada a um máximo de 12 metros”, explicou o profissional do CTC.
Em resposta a postagem de Guilherme, o ex-pesquisador e especialista em solos, Hélio do Prado, presidente na Solunexus Ambientes de Produção e Pedologia, comentou: “Tipo de manejo importante! principalmente nos Argissolos; os solos mais suscetíveis a erosão. A raspagem extrema certamente remove o horizonte A expondo o horizonte B. Assim esse ambiente é H2 (ambiente sem recuperação pela extrema raspagem) se o declive for maior que 7%. Naturalmente esse B é duro pela gênese; se ocorrer pisoteio pior ainda. Outro ponto é a eliminação da quebra de capilaridade entre os horizontes A e B o que seca demais o solo.
Mesmo que esse B seja estrófico; a CAD será baixa porque quem mais influi nela é a profundidade radicular. Existem 7 tipos de Argissolos no campo baseado nas combinações de valores de argila nos horizontes A e B”, salientou Hélio.
“Exatamente professor”, respondeu Guilherme, completando: “O cuidado com Argissolos vai além! Temos que nos atentar também ao tipo de preparo para não correr o risco de inverter camadas. Outro ponto de atenção é com a época de colheita devido ao relevo associado. Argissolos possuem alto potencial produtivo, como bem explicado pelo senhor, mas as ações de manejo precisam ser bem planejadas.”
Quem entrou na conversa foi Fred Márcio Polizello, Diretor Executivo da Celeiro Brasil Agricultura, que elogiou o manejo: “Perfeito! Raspagem em argissolos significa aflorar o Bt. Temos um amigo, consultor na área de produção, que chama estes raspados da sistematização de ‘raspadinha da sorte’. De fato, raspar o mínimo possível, garante maior produtividade na área. Não é tarefa fácil sistematizar argissolos inclinados e ao mesmo tempo, reduzir a raspagem, mas é algo que precisa ser levado em conta na elaboração, aprovação e implantação dos projetos de sistematização.”
Segundo Guilherme, no CTC trabalha com unidades de manejo, separando os solos pela classificação pedológica e considerando aspectos como textura, fertilidade natural e relevo associado. “Com isso podemos agrupar solos e recomendar ações de manejo para preparo, plantio e colheita, tudo relacionado também com a ocorrência de chuvas. Com esse trabalho estamos conseguindo minimizar impactos negativos, principalmente com erosão, assoreamento e compactação, além de extrair o maior potencial produtivo de cada solo.”
E vocês, o que acham desse manejo?
Agradecemos ao Guilherme por ter liberado as informações e imagem.

