Rastreabilidade: um caminho para as exigências ESG
15-10-2025

Nos últimos anos, a agenda ESG tornou-se ainda mais relevante para as empresas. Com o aumento das discussões sobre a relevância da sustentabilidade, ESG não é mais um diferencial, e sim uma exigência dos consumidores e dos investidores, além de uma maneira de se adequar às normas nacionais e internacionais.

Segundo o Climate Change and Sustainability Services (Serviços de Mudança Climática e Sustentabilidade), da Ernst & Young, as informações de ESG são essenciais para que os investidores tomem suas decisões. É uma forma de avaliar os riscos, a rentabilidade e os potenciais das organizações e instituições.

Neste texto, vamos explorar o significado de ESG e sua importância para garantir a rastreabilidade da cadeia produtiva.

O que é rastreabilidade?

Antes de compreender a relação entre rastreabilidade e ESG, é necessário esclarecer o seu significado. Quando falamos sobre a cadeia produtiva, a rastreabilidade se refere ao acompanhamento de todas as etapas do processo: desde a matéria-prima utilizada até a distribuição ao consumidor final.

A rastreabilidade é importante para garantir a qualidade dos produtos e permite que cada fase seja inspecionada, certificando que o melhor produto seja entregue ao usuário. Caso exista algum erro, a rastreabilidade facilita o mapeamento até a origem do problema, criando soluções mais rápidas e eficientes.

Além disso, dentro da agenda da sustentabilidade, a rastreabilidade atesta as boas práticas e cumprimento de normas ambientais.

Entendendo a sigla

ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance, que, em português, significa: Ambiental, Social e Governança. O termo foi criado em 2004 no Pacto Global, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o Banco Mundial, intitulado Who Cares Wins (Ganha quem se importa). De maneira geral, ESG se refere a um conjunto de práticas que demonstram como determinada empresa está empenhada em minimizar os impactos ambientais, promover uma sociedade mais justa e manter a transparência de seus negócios.

Environmental e a rastreabilidade

A primeira letra da sigla indica a palavra Environmental — ou Ambiental, aborda as práticas adotadas por determinada empresa para reduzir os impactos ambientais causados pelos seus processos produtivos. Tais práticas podem estar relacionadas à redução da emissão de gases poluentes, descarte correto de lixo, reaproveitamento de resíduos, uso consciente de recursos, entre outras medidas sustentáveis.

A rastreabilidade é essencial para medir, gerenciar e reduzir o impacto ambiental de uma empresa. Confira alguns exemplos:

Combate ao desmatamento ilegal: ao acompanhar cada etapa do processo, é possível ir diretamente ao início da cadeia produtiva. Ao investigar a origem da matéria-prima, é possível escolher os produtos que venham de áreas legalizadas e com manejo adequado.

Redução da pegada de carbono: para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, é necessário monitorar todas as etapas de determinado produto ou atividade. Ao ter conhecimento de cada fase, é possível identificar as oportunidades de reduzir a poluição.

Aplicação da economia circular: a rastreabilidade é essencial para que a economia circular seja efetiva. Esse modelo produtivo foge do padrão linear, baseado na extração, produção e descarte, e se propõe a otimizar o uso dos recursos, aumentando sua vida útil. A rastreabilidade viabiliza essa prática e permite que toda a cadeia seja devidamente analisada para garantir o máximo de aproveitamento e o mínimo de desperdício.

Social e a rastreabilidade

A letra S da sigla dialoga com a responsabilidade social da empresa. Para a agenda ESG, é importante que a instituição adote práticas como a garantia da aplicação de leis trabalhistas, o apoio à comunidade local, a segurança no ambiente de trabalho e a promoção de inclusão e diversidade. Por isso, a rastreabilidade pode ser usada para:

Garantir a justiça trabalhista: ao ter ciência do que acontece em cada etapa do processo produtivo, a empresa se assegura que todos os trabalhadores, diretos ou indiretos, tenham seus direitos garantidos. A rastreabilidade pode prevenir e lutar contra o trabalho infantil ou análogo à escravidão, por exemplo.

Suporte à comunidade local: valorizar e apoiar a comunidade local também é importante para ESG. Com a rastreabilidade é possível, por exemplo, adquirir insumos de pequenos produtores ou cooperativas, promovendo o desenvolvimento socioeconômico das áreas rurais.

Governance e a rastreabilidade

A última letra da sigla significa Governance, traduzida para o português como governança. O termo é usado para definir o conjunto de práticas adotadas por determinada empresa, com foco na transparência. A governança inclui políticas anticorrupção, responsabilidade corporativa e veracidade das informações.

A rastreabilidade, portanto, pode beneficiar a governança em aspectos como:

Cumprimento de normas: a rastreabilidade é uma forma de verificar e comprovar que a empresa está cumprindo todos os requisitos de determinada norma ou legislação. Existem diferentes tipos de regulamentações, que variam de acordo com o país ou setor, e rastrear toda a cadeia produtiva permite que os protocolos sejam cumpridos.

Política de transparência: para manter uma política de transparência, a empresa precisa rastrear cada etapa do processo de produção, de modo que consiga prestar contas com dados confiáveis.

Gerenciamento de riscos: o mapeamento de todo o processo produtivo permite que riscos sejam identificados e resolvidos com maior agilidade.

Melhor reputação: o cumprimento das normas e a política de transparência sobre a origem e produção são pontos importantes para que a empresa tenha melhor reputação entre investidores, clientes, fornecedores, órgão reguladores, entre outros grupos.

Agenda ESG e a cana-de-açúcar

O setor de bioenergia e açúcar relaciona-se diretamente com as pautas da agenda ESG. Confira alguns exemplos:

Redução das emissões de gases poluentes: em relação à gasolina, o uso de etanol reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa.

Economia circular: o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, que sobram da produção de etanol e açúcar, são reaproveitados de diferentes formas e servem para vários subprodutos como, por exemplo, a bioeletricidade, a torta de filtro, a vinhaça, entre outros. Saiba mais sobre a economia circular.

Desenvolvimento socioeconômico: a maior parte da cadeia produtiva da cana-de-açúcar está localizada nas zonas rurais, promovendo a geração de emprego e renda, além de valorizar a produção local.

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Fonte: Siamig Bioenergia