Redução das populações de Sphenophorus levis não está na soqueira, mas nas operações de pré-plantio
23-10-2025
Alerta foi dado pela pesquisadora científica do Centro de Cana do IAC, Leila Luci Dinardo-Miranda, durante 6ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar
Apesar de décadas de pesquisa, o Sphenophorus levis continua sendo uma das principais ameaças à produtividade dos canaviais brasileiros. A gravidade da infestação e a dificuldade em controlá-lo foram temas centrais da palestra da Pesquisadora Científica Leila Luci Dinardo-Miranda, do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), durante a 6ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar, realizada em 21 de outubro, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto/SP.
Segundo Leila, a baixa eficácia das estratégias atualmente adotadas está relacionada ao foco equivocado. A pesquisadora foi enfática ao afirmar que a solução para o controle efetivo da praga não está na soqueira, mas sim nas operações pré-plantio, como a destruição mecânica na época seca — inclusive com antecipação da colheita, se necessário — e a implementação de um vazio sanitário longo, de pelo menos seis meses sem a presença de hospedeiros, como a cana e milho.
“A destruição mecânica da soqueira elimina larvas e outras formas biológicas, além de expor o inseto a inimigos naturais. Já os adultos sobreviventes serão controlados pelo vazio sanitário. É assim que conseguiremos reduzir as populações da praga. Todo o resto ajuda, mas não resolve.”
Leila reforçou, no entanto, que isso não significa negligenciar o manejo na soqueira. “Não estou dizendo para deixar a soca de lado. Mas já está bastante claro que não é possível reduzir a população do Sphenophorus na soqueira, mesmo com duas ou três aplicações de inseticidas, sejam eles químicos ou biológicos. Isso porque a biologia da praga dificulta o acesso dos produtos, já que o inseto passa a maior parte do seu ciclo protegido dentro do rizoma da planta.”
Ao longo da apresentação, Leila citou ainda algumas outras medidas que devem ou não ser adotadas:
Aplicação de inseticidas em área total após a destruição? “Pode ser feito, mas a contribuição será pequena ou até mesmo nula”
Instalação de Meiosi? “Nem pensar, pois você deixa uma linha de cana para ser ‘mãe’ do Sphenophorus”
Plantio de soja, amendoim ou crotalária? “Sim, pois o vazio sanitário recomendado é deixar a área sem hospedeiro, não sem planta. Lembrando que o milho nunca deve ser uma opção”
Utilização de inseticidas em sulco de plantio? “Sim, como complementação das outras medidas realizadas. Mas, com uma destruição mecânica bem-feita na época seca do ano e um vazio sanitário longo (seis a sete meses), a aplicação ou não de inseticidas no sulco é indiferente”
Plantio de mudas sadias? “Obrigatório”

