RIDESA lança 18 novas variedades de cana e consolida liderança no campo com 54% da colheita nacional
23-10-2025

Rede interuniversitária celebra 35 anos de pesquisa e mostra força da ciência pública brasileira com dados inéditos do Censo Varietal 2024/25
A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA Brasil) apresentou nesta quarta-feira (22), em Ribeirão Preto (SP), 18 novas variedades comerciais de cana-de-açúcar, resultado de mais de uma década de pesquisa conduzida por sete universidades federais. No mesmo evento, a instituição divulgou dados inéditos do Censo Varietal Nacional, que confirmam o domínio das cultivares RB — desenvolvidas pela Rede — no campo brasileiro: 56% da cana plantada e 54% da colhida na safra 2024/25 são de origem RIDESA.
As variedades RB ocupam posições de destaque entre as mais cultivadas do país, figurando nas três primeiras colocações do ranking nacional. Criada há 35 anos, a RIDESA já liberou 116 variedades ao longo de sua trajetória, fortalecendo a produtividade, o teor de sacarose e a resistência das lavouras. Cada cultivar leva de 10 a 15 anos para chegar ao mercado, fruto de um processo rigoroso de cruzamento, avaliação e adaptação regional.
As 18 novas cultivares apresentadas trazem ganhos de produtividade que podem superar 30%, além de maior tolerância ao estresse hídrico, resistência a doenças e maior período útil de industrialização (PUI). Cada uma foi desenvolvida para atender condições específicas de clima e solo nas diferentes regiões canavieiras do país.
Entre os destaques estão:
- RB977526 (UFV) – Excelente brotação e perfilhamento, sanidade elevada e tolerância à seca, com estabilidade produtiva;
- RB07814 (UFAL) – Variedade precoce, com alta produtividade, elevado teor de açúcar e baixa coloração do caldo;
- RB071071 (UFRPE) – Precocidade, elevada concentração de sacarose e boa adaptação a múltiplas regiões;
- RB074046 (UFG) – Porte ereto, alto perfilhamento e longevidade;
- RB075322 (UFSCar) – Alta rusticidade e produtividade, consolidada em São Paulo e Mato Grosso do Sul;
- RB106893 (UFPR) – Indicada para áreas de restrição ambiental, com estabilidade produtiva e bom vigor;
- RB128519 (UFRRJ) – Crescimento rápido, sanidade e alto teor de sacarose.
Pesquisa pública e inovação a serviço do agronegócio
A cerimônia de abertura do evento “Liberação Nacional de Variedades” reuniu autoridades e representantes de instituições de pesquisa. Entre eles, o presidente da RIDESA e reitor da UFAL, Josealdo Tonholo; o coordenador-geral da rede, Herrmann Paulo Hoffmann; a reitora da UFSCar, Ana Beatriz de Oliveira; e o presidente da FINEP, Luiz Antonio Elias.
Tonholo ressaltou que a RIDESA simboliza a força da pesquisa pública aliada ao setor produtivo. “Esta é a maior liberação de variedades da história da Rede, refletindo a competitividade e o protagonismo do setor sucroenergético, que responde por 11% do PIB nacional”, afirmou.
Para Hoffmann, a RIDESA é “o maior exemplo de parceria público-privada do mundo em uma cultura agrícola”. Já Ana Beatriz de Oliveira destacou o impacto formativo do programa: “Além de desenvolver novas cultivares, a rede forma pesquisadores que disseminam conhecimento pelo país e pelo mundo, fortalecendo uma matriz energética mais limpa — tema fundamental às vésperas da COP30, que será sediada no Brasil.”
O presidente da FINEP, Luiz Antonio Elias, reforçou o papel da ciência no avanço do agronegócio sustentável. “A RIDESA e a FINEP estão na vanguarda do conhecimento, mostrando a capacidade da universidade pública de responder às demandas da sociedade com inovação e tecnologia”, declarou.
Após a cerimônia de abertura, o evento contou com uma mesa-redonda sobre políticas públicas para bioenergia, seguida da liberação oficial das novas variedades e de uma plenária de encerramento que debateu o papel do setor sucroenergético na transição energética e sustentabilidade global.
Com 55 anos de história das variedades RB, a RIDESA reafirma seu papel como pilar científico e tecnológico da canavicultura brasileira, impulsionando ganhos de produtividade e competitividade para o país. As novas cultivares reforçam o compromisso da rede com a inovação, sustentabilidade e eficiência energética, consolidando o etanol e a bioenergia como ativos estratégicos do futuro agrícola do Brasil.