Safra asiática derruba preço do açúcar e ritmo de moagem pressiona etanol no Brasil
26-06-2025

Relatório do Itaú BBA afirma que o elevado mix de açúcar no Brasil reforça o cenário de oferta crescente.  

O mercado internacional de açúcar registrou queda de 2,3% em maio, fechando o mês a USDc 17,05/lb, e acelerou esse movimento em junho, atingindo USDc 16,13/lb no dia 13 — menor valor desde 2021. A tendência de baixa reflete as boas perspectivas de produção na Ásia, especialmente na Índia e na Tailândia, onde o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras. Além disso, o elevado mix de açúcar no Brasil reforça o cenário de oferta crescente.

A estimativa do Itaú BBA é de um superávit global de 2,3 milhões de toneladas na safra 2025/26, mesmo com revisão para baixo da produção brasileira, que deve cair de 41,2 para 40,8 milhões de toneladas, diante da menor concentração de ATR e da produtividade agrícola em queda.

Na Índia, o avanço das monções e o novo preço mínimo de compra anunciado pelo governo incentivam a recuperação da produção, estimada em 31 milhões de toneladas, mais 4,1 milhões de toneladas desviadas para etanol. A Tailândia também apresenta cenário climático positivo, embora o mercado ainda sofra com a pressão das usinas que precisam escoar a produção anterior.

Já no Brasil, a moagem de cana retomou o ritmo em maio, totalizando 47,8 milhões de toneladas na segunda quinzena do mês, o que representa um avanço de 5,5% ano a ano. Apesar disso, o volume acumulado segue 11,8% abaixo da safra anterior, e a qualidade da matéria-prima preocupa: o ATR médio caiu 4% e a produtividade das áreas colhidas teve retração de 16,6% em abril, segundo o CTC.

No mercado de etanol, os preços também seguiram em queda: recuo de 4,3% em maio, com o litro cotado a R$ 2,69 sem impostos em Paulínia-SP. A maior oferta, impulsionada pela moagem acelerada da cana, deve continuar pressionando o mercado no curto prazo.

As vendas de etanol hidratado no Centro-Sul somaram 1,82 bilhão de litros em maio, queda de 5% ano a ano, mesmo com o preço médio em alta de 15% no período. Para a safra 2025/26, a expectativa é de retração de 6% na produção total de etanol, com queda acentuada de 14% na produção a partir da cana-de-açúcar.

Ainda assim, a relação de preços entre etanol e gasolina deve subir de 67% para 72% em São Paulo, o que pode sustentar os preços médios ao longo da safra, mesmo após o pico de produção previsto até agosto.