Safra mais rápida, etanol sustentado e pressão nos fertilizantes, aponta relatório da FG/A
26-11-2025

Boletim de outubro mostra avanço do açúcar, expectativa de alta para o etanol na entressafra e recuo internacional nos preços de nitrogenados

Por Andréia Vital

O último relatório da FG/A destaca um mês de outubro marcado pela aceleração da safra no Centro-Sul, mudanças relevantes na dinâmica do etanol e um quadro global de queda nos fertilizantes. No açúcar, a moagem ganhou ritmo e permitiu reduzir parte do atraso inicial.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), o processamento acumulado até a segunda quinzena de setembro somou 490 milhões de toneladas, ainda 3% abaixo do ciclo anterior, mas suficiente para sustentar a produção graças ao avanço do mix açucareiro, que atingiu 52,7%, recorde histórico.

Mesmo com menor disponibilidade de cana, os preços domésticos recuaram para média de R$ 2.022/t até 24 de outubro, refletindo a perspectiva de superávit global de cerca de 7 milhões de toneladas na safra 2025/26. A retomada das chuvas na Ásia, com acumulados 38% acima da média na Índia e 17% superiores à média decenal na Tailândia, reforça o cenário de expansão da produção no hemisfério norte.

No etanol, o movimento é oposto. A menor oferta durante a safra atual sustenta expectativa de valorização na entressafra, com a paridade em São Paulo avançando acima de 67% em outubro. A FG/A estima que, para manter equilíbrio com a gasolina, a relação precisará superar 70% nos próximos meses. Com vendas ainda aquecidas e disponibilidade projetada de 19 milhões de m³ de hidratado, apenas uma forte desaceleração na comercialização impediria pressão altista.

O principal risco permanece no comportamento da gasolina A: apesar da defasagem internacional de R$ 0,27/l, o aumento de R$ 0,10/l no ICMS da gasolina C, válido a partir de janeiro de 2026, tende a reforçar a competitividade do etanol.

O mercado global de fertilizantes registrou em setembro uma queda generalizada de preços, liderada pela ureia, cujo recuo ocorreu pela ausência de choques de demanda. KCl e DAP também cederam, enquanto o TSP seguiu estável no exterior.

No Brasil, os fosfatados avançaram e o cloreto de potássio apresentou alta moderada, deteriorando a relação de troca para o produtor, especialmente na aquisição de insumos fosfatados, afetada pela combinação de preços mais altos e commodities agrícolas em retração. Apesar do quadro de custo menos favorável, as entregas voltaram a subir: julho marcou recorde histórico com 5,15 milhões de toneladas, e o acumulado do ano chegou a 25,3 milhões de toneladas, crescimento de 10,7% sobre 2024.