Saiba quais são os desafios e oportunidades para o agro brasileiro
14-01-2025

Exportações apresentam retração, mas avanços em cadeias específicas e cenário promissor para 2025 destacam resiliência do setor

O setor agropecuário, motor das exportações brasileiras, enfrentou sua primeira retração desde 2019, com embarques registrando queda de 1,3% em 2024, encerrando o ano com US$ 164,4 bilhões. O estudo do Insper Agro Global apontou as adversidades climáticas e a pressão global nos preços de grãos como principais fatores desse desempenho.

A safra de grãos 2023/2024 foi 6,7% menor, impactando significativamente os complexos de soja (-19,8%) e milho (-40,2%). O atraso nas chuvas e a maior oferta internacional contribuíram para a pressão nos preços. Em contrapartida, o segmento de carnes alcançou recordes, com receita total de US$ 26,2 bilhões (+11,4%), impulsionado pela alta na carne bovina (+21,7%), carne suína (+7,4%) e carne de frango (+1,3%). A reação no mercado de carnes ocorreu após um período de baixa no primeiro semestre, revertido pela firmeza dos preços no segundo semestre.

Outros destaques do agronegócio foram o algodão (+62,4%), suco de laranja (+33,6%) e açúcar-etanol (+13,3%), beneficiados por condições climáticas favoráveis e aumento da competitividade brasileira no mercado internacional. Produtos florestais e café também apresentaram avanços significativos, com altas de 21% e 53%, respectivamente. A desvalorização cambial foi um fator decisivo para impulsionar esses segmentos.

A China, principal destino do agronegócio brasileiro, reduziu suas importações em 16,9%, diminuindo sua participação de 38% para 31%. Em contrapartida, regiões como Oriente Médio e Norte da África (+25,6%) e América do Norte (+22,6%) ampliaram suas compras. A União Europeia e o Reino Unido também aumentaram sua demanda, contribuindo com 14% do total exportado em 2024.

Em relação às importações do agro brasileiro, os fertilizantes ocuparam aproximadamente 30% do total importado, uma queda 9% em relação ao ano anterior, assim como os pesticidas que mostraram uma leve queda de 0,6% comparado à 2023. Em contrapartida, as importações de outros produtos aumentaram, como os saúde animal (+18,5%), óleos vegetais (+24,9%), trigo (+26,9%), produtos florestais (+8,5%) e pescados (+10,4%). Como resultado, o total das importações do agronegócio de 2024 foi o segundo maior da série histórica.

Perspectivas para 2025

O cenário para 2025 é de otimismo moderado, com previsão de safra recorde de 322 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 24 milhões em relação ao ciclo anterior. Espera-se que o fortalecimento no mercado de frangos e suínos compense parcialmente a previsão de queda na produção de carne bovina.

A desvalorização cambial pode favorecer as exportações, mas também encarece insumos importados, pressionando margens de produtores. Além disso, o setor enfrenta incertezas geopolíticas, como as possíveis tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e a investigação chinesa sobre importação de carne bovina.

Diante disso, a estratégia do Brasil deve focar na diversificação de mercados e na manutenção de sua competitividade global, consolidando-se como líder em segmentos estratégicos do agronegócio conclui o Insper Agro Global.

Andréia Vital