Sob manejo de sequeiro, canavial dificilmente alcançará os três dígitos de produtividade
06-09-2022

Canaviais comerciais irrigados por gotejamento chegam a atingir produtividades acima das 200 TCH. Foto: Divulgação Bevap Bioenergia
Canaviais comerciais irrigados por gotejamento chegam a atingir produtividades acima das 200 TCH. Foto: Divulgação Bevap Bioenergia

Sob condições ideais de manejo e sem a interferência de fatores bióticos (insetos e microrganismos) e abióticos (temperatura, irradiação e deficiência hídrica), a cana-de-açúcar tem potencial para atingir 400 TCH

Produzir cana-de-açúcar passou a ser um desafio para os produtores e usinas do Centro-Sul do país. Nos últimos anos, a região tem sido bastante afetada por fenômenos climáticos adversos. Entre os principais, destacam-se as estiagens, cada vez severas e frequentes. Esse déficit hídrico afeta vários aspectos da cultura. O grau dos danos dependerá do estágio fenológico do canavial no momento do estresse e de sua duração e intensidade.

A Pesquisadora Científica do Centro de Biossistemas Agrícolas e Pós-colheita e Vice-Diretora Geral do Instituto Agronômico (IAC), Regina Célia de Matos Pires, explica que, quando a cana-de-açúcar enfrenta um déficit hídrico acentuado, ocorre o fechamento dos estômatos, estruturas que garantem a realização de trocas gasosas. “Esse processo reduz a saída de água e impede a entrada de dióxido de carbono (CO2), diminuindo a capacidade da planta em fazer fotossíntese e, consequentemente, impactando seu crescimento e desenvolvimento.”

Segundo Regina, no momento de formação do canavial, o déficit hídrico pode reduzir a emissão de novos perfilhos e o alongamento dos colmos. Casos de estresses muito severos podem, inclusive, levar à morte das plantas. Canaviais já estabelecidos e que passam por períodos de seca prolongados terão seus entrenós encurtados e quedas expressivas na produção. “Diante de tantos danos, podemos afirmar que o estresse hídrico é um fator limitante para a produtividade agrícola. Por conta disso, canaviais de sequeiro dificilmente ultrapassam as 100 TCH.”

A pesquisadora relata que, sob condições ideais de manejo e sem a interferência de fatores bióticos (insetos e microrganismos) e abióticos (temperatura, irradiação e deficiência hídrica), a cana-de-açúcar tem potencial para atingir 400 TCH. “Alcançar esse volume em uma área comercial é uma tarefa quase impossível. Mas, de todas as tecnologias disponíveis no mercado, a irrigação é a que mais nos permite uma aproximação desse potencial. Já visitei canaviais comerciais irrigados com produtividades muito acima das 200 TCH.”

Regina salienta que esse aporte de água propicia segurança na produção. Porém, durante o manejo da cultura, é importante pensar em um sistema de produção irrigado como um todo. “Não podemos deixar de adotar boas práticas agronômicas, como nutrição e a alocação correta de variedades, pois são esses fatores que possibilitarão que um canavial livre de estresse hídrico expresse todo seu potencial produtivo.”

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