Sobrando cana?
30-11-2023

"Sempre entregue mais que o esperado." - Larry Page, cofundador do Google

Por: Luiz Carlos Corrêa Carvalho

A frase eleita, na última década, é algo como "o segredo da gestão é fazer mais, e melhor, com menos". É a síntese da eficiência e da sustentabilidade, e a frase ganhou o coração e as mãos dos gestores, no mundo todo. Após anos de clima contrário, radicalmente negativo, o ano de 2023, Safra 2023/24, cuja cana começa desde o mês de abril/22, mostra expressivos ganhos de produtividade. Esses ganhos têm a ver com o comprometimento do produtor com tecnologia, gestão e foram suportados pelos bons resultados da Safra anterior que permitiu investimentos.

Há, de fato, o que comemorar. Teremos talvez 86 toneladas de cana colhidas por hectare nas regiões canavieiras da Região Centro-Sul, com canaviais mais jovens pelos investimentos efetivados, pelo aprendizado com os erros cometidos, pela resiliência setorial e pelo clima melhor. No ritmo de potenciais chuvas, a certeza é de que se terá cana bisada para 2024.

As variações regionais foram efetivas nos estados e nas suas diversas regiões, mas com o aspecto comum de expressiva produtividade em relação aos anos anteriores. Na lógica da intensa melhoria, os índices obtidos estiveram ancorados nos investimentos em solos corrigidos química e biologicamente, no controle dos fatores redutores de produtividade e no uso de inibidores de flor e insumos para a maturação de um canavial com maior desenvolvimento negativo.

Nos papos na hora do café, nas missas e nas avaliações da produção, as pessoas se mostram muito bem impressionadas com o verde, o perfilhamento e o tamanho dos entrenós das canas.

Entre recordes de moagens quinzenais, a visão de safra recorde ganha os contornos de sobra de cana. Afinal, um El Niño pegando a primavera, com 1/3 da safra a colher... e o Nordeste? Também com muita cana e moendo, até então, 10% a mais!

O fenômeno no Centro-Sul pode também ser explicado pelo "represamento" de um canavial que crescia efetivamente sua renovação, tornando-se mais jovem; pelo atraso no início da safra e os ganhos de produtividade consequentes; mas, sem dúvida, pelos investimentos em insumos e melhoria dos índices no uso das operações de colheita e transbordo.

A Canaplan projetou 636 milhões de toneladas de cana a serem colhidas no Centro-Sul na Safra 2023/24, ou seja, somando-se ao Nordeste, ter-se-á a maior safra de cana-de-açúcar no Brasil! É uma importante recuperação setorial, fundamental na fase de descarbonização global e na relevância do RenovaBio.

Talvez se possa ainda moer 615 milhões de toneladas de cana até 31/12/23, sobrando 21 milhões para serem moídas até 01/04/24. Isso irá requerer cuidados já citados nesse espaço, no último Blog, além de torcida por um março de 2024 mais seco. Essa moagem roubará canas da 2024/25? Provavelmente não, pois terá cana bisada em grande volume a ser moída.

A recuperação da safra atual é muito saudável.

Os preços do açúcar pagam um prêmio quase o dobro do etanol. Por isso, o mix vem alto para o açúcar. Vale lembrar que isso reclama melhor qualidade das canas e tudo indica que teremos! Mesmo assim, vale acompanhar a moagem até 31/12/23 e o que se terá de cana bisada.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho
Caio Carvalho, como é conhecido, é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, pós-graduado em Agronomia e em Administração. É diretor da Canaplan, diretor de relações com o mercado das Usinas do Grupo Alto Alegre S/A e sócio da Bioagência, comercializadora de etanol. É conselheiro da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), do SIAESP (Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de São Paulo), da UDOP (União Nacional da Bioenergia) e membro do Conselho Superior do Agronegócio (FIESP).

Luiz Carlos Corrêa Carvalho

Fonte: Corteva Agriscience

Do site: Udop