Solo mais rico do mundo não atinge as melhores produtividades de cana-de-açúcar
18-11-2021

Segundo o pesquisador, os ambientes de produção são dinâmicos, podendo ser alterados em função do manejo adotado
Segundo o pesquisador, os ambientes de produção são dinâmicos, podendo ser alterados em função do manejo adotado

Estudos aprofundados, em especial sobre cana-de-açúcar, com a interação entre os diferentes tipos de solos do Brasil, com o manejo em locais de clima diferenciado, em breve estarão presentes na nova edição do livro do pesquisador Hélio do Prado

O Pesquisador Científico do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), Hélio do Prado, em co-autoria com o engenheiro agrônomo, diretor-executivo da empresa Solum de Piracicaba (SP), Thiago A. B. do Prado, em breve lançarão a sexta edição do livro “Pedologia fácil – Aplicações em solos tropicais”. A publicação, com mais de 300 páginas, trará uma classificação completa e muito aprofundada dos solos do Brasil e vários aspectos de manejo.

Segundo o pesquisador, um exemplo é o Vertissolo, o mais rico do mundo em termos de cálcio, magnésio e potássio, mas que não permite atingir as melhores produtividades porque suas propriedades físicas são muito limitantes devido a extrema dureza em condições naturais quando o solo está seco (se ocorrer compactação, ficará mais duro ainda); e devido a extrema plasticidade quando está úmido (o tráfego de máquinas é inviável). Consequentemente, é muito curta a amplitude de umidade do solo para todas as práticas de manejo. Portanto, antes de conhecer as condições químicas de um solo, é preciso saber quais são suas propriedades físicas.

Um dos destaques do livro será o case da usina AgroVale, destacada empresa brasileira produtora de açúcar em Juazeiro (BA), que eleva a capacidade produtiva do Vertissolo de menos de 50 toneladas de cana por hectare (TCH) no manejo convencional (ambiente G) para 137 TCH no manejo avançado com gotejamento (ambiente A+2).

Prado constatou esse interessante caso na AgroVale, provando que um ambiente de produção nunca é fixo, mas dinâmico, podendo ser alterado em função das três épocas de colheita e do manejo adotado, como irrigação, fertirrigação e uso de torta de filtro.

O pesquisador do IAC atua diferentemente no setor canavieiro não classificando os ambientes de produção em apenas cinco opções: de “A a E”. Isso porque é comum numa usina ocorrer 40 solos diferentes classificados com base nas condições morfológicas, químicas, fisico-hídricas e mineralógicas. “Como vou enquadrá-los em apenas cinco grupos de ambientes de produção baseado em mais de 40 tipos de solos?”, questiona Prado.

A régua desenvolvida pelo IAC tendo 19 opções (G2 a A+5) permite associar vários solos com vários ambientes. G2 corresponde a produtividade média de cinco cortes (TCH5) menor que 50 t/ha, já A+4 corresponde a TCH5 de 184 a 200t/há. “Somente assim conseguimos enquadrá-los de uma forma racional. Certamente, essa mesma régua mede as produtividades de cana-de-açúcar não só do Brasil, mas também dos países da América Latina, da América Central, da Flórida, Austrália e da Ásia tropical”, garante Prado com 43 anos de experiência em Pedologia, ciência que permite classificar os solos.

Na visão do pesquisador, é definitivamente um paradigma quebrado, pois quem decide o ambiente de produção é a deficiência hídrica, conforme sempre destaca Marclos Landell na aplicação dos conceitos da “matriz de colheita” e do “Terceiro Eixo”.

Todas essas interações serão profundamente detalhadas no livro “Pedologia fácil – Aplicações em solos tropicais” com publicação prevista para o final deste ano. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail: heprado@terra.com.br ou telefone 19 9 96130154.

Fonte: CanaOnline