Sugestões para manter os tratos culturais do canavial mesmo em época de crise
10-06-2020

É fundamental aplicar fertilizantes com tecnologia adequada e trabalhar o intervalo de acordo com as recomendações feitas pelas instituições de pesquisas
É fundamental aplicar fertilizantes com tecnologia adequada e trabalhar o intervalo de acordo com as recomendações feitas pelas instituições de pesquisas

A redução de tratos culturais em decorrência dos baixos preços da cana e de seus produtos quebram a produção. Mas há soluções para diminuir os custos sem cortar os tratos

O baixo preço do etanol e do açúcar derrubou o valor da cana, impactando negativamente o caixa das unidades sucroenergéticas e dos produtores. Com menos recursos financeiros e, ainda aumento dos insumos, o primeiro pensamento é reduzir os investimentos em tratos culturais nos canaviais: menos fertilizantes e defensivos agrícolas para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Atitude que aumentará ainda mais o prejuízo. “O campo tem memória. Se você o tratar mal por um ano, ele se lembrará pelo menos nos quatro anos seguintes”, diz a produtora rural Maria Christina Pacheco, da fazenda Milhã, de Capivari, SP. A produtora refere-se ao fato de, por exemplo, deixar de realizar a nutrição correta do canavial durante um ciclo, irá provocar a queda da produção durante os quatro cortes.

Para o produtor rural e pesquisador Sérgio Quassi de Castro, da AgroQuatro-S Experimentação Agronômica Aplicada, de Sales de Oliveira, SP, reduzir a nutrição dos canaviais e o controle das pragas e plantas daninhas significa garantia de redução de receita. “É assumimos um compromisso de que nosso canavial será menos produtivo nas safras seguintes. E isso não podemos jamais.”

Mas se o dinheiro anda curto, como continuar investindo? Castro aponta algumas diretrizes para reduzir custos e garantir a estabilidade produtiva dos canaviais.

Primeiro aspecto é avaliar a situação do canavial; se apresenta alta ou baixa produtividade; a época que será colhido; se tem pragas e plantas daninhas. A partir dos resultados levantados, definir os protocolos agronômicos. Para Castro adotar um único manejo para todo o canavial é um erro, é preciso definir o manejo baseado nas características de cada área.

No caso da nutrição, ao conhecer as deficiências do solo, preparasse os protocolos nutricionais para cada uma das condições dos canaviais. “É preciso utilizar tecnologias de aplicação mais eficientes, por exemplo, aquelas que colocam os nutrientes no sulco da planta, aplicar na época certa e trabalhar o intervalo de acordo com as recomendações feitas pelas instituições de pesquisas”, alerta o produtor.

Em relação às plantas daninhas é preciso levantar quais as variedades que estão presentes no canavial e a intensidade da incidência, realizar aplicações localizadas e não geral. Para Castro, o uso de drones para a aplicação de herbicidas é uma alternativa que reduz custo, volume do produto e apresenta alta eficiência.

Para o controle pragas, observa Castro, é indispensável o monitoramento. “É identificar as pragas, a frequência e intensidade para definirmos quais protocolos devemos adotar, seja o manejo químico, biológico, ou  os dois. Uma forma de reduzir o custo é aumentar o uso do controle biológico, pois os defensivos químicos ficaram mais caros, em decorrência do dólar alto”, aconselha.