Sugestões para o correto replantio de falhas nos canaviais
12-05-2020

Para o consultor e engenheiro agrônomo Júlio Campanhão o maior vilão da queda de produtividade do terceiro corte em diante é a falha, que pode ocorrer por diversos fatores, como herança de um plantio mal feito, falta de disciplina, efeitos climáticos adversos (como seca prolongada), presença de pragas, doenças e plantas daninhas e má gestão nas operações de tratos culturas, colheita e manejo varietal. "Tecnologias como micronutrientes, condicionadores de solo, fito hormônios, adubação verde, fosfatagem e fungicidas funcionam perfeitamente. Porém, seus resultados seriam potencializados se não existissem esses vazios no canavial.”

O profissional ressalta que, além da perda de produtividade ao longo dos cortes, as falhas acarretam altos custos para as empresas sucroenergéticas. “Os tratos culturais em cana-soca num canavial sem falhas custam em torno de R$ 1.580/ha. Já numa área com 35% de falhas, este valor sobre para R$ 2.430/ha. Isso sem considerar custos adicionais de catação manual ou química.” Para ele, o Custo Brasil para a cana-de-açúcar são as falhas. “De todas as tecnologias atualmente disponíveis, o replantio é a que mais proporciona efeito residual, garantindo ganhos em TCH nos cortes seguintes entre 10 e 16 t/ha.”

Comparação entre área falhada x área revitalizada mostra os benefícios do replantio.

 Foto: Júlio Campanhão

A recomendação do engenheiro agrônomo é que o replantio seja feito em canaviais com falhas oriundas da gestão de preparo de solo, alocação varietal, plantio, colheita e tratos culturais. Já em áreas comprometidas por altas infestações de capim-colonião, mucuna, grama-seda, Sphenophorus levis, Migdolus spp e/ou com variedades com problemas fitossanitários, o replantio não é aconselhado.

Tabela falhas

O custo dos vazios

Fonte: Pecege

Para Campanhão, o replantio em cana-soca precoce (colheita de abril a junho) deve ser feito de 20 de abril a 20 de novembro; em cana-soca média (colheita de julho a setembro), de 20 de julho a 20 de dezembro; já em cana-soca tardia (colheita de outubro a novembro), o ideal é que o replantio ocorra de 20 de outubro a 20 de março. “Lembrando que é essencial a utilização de mudas novas, preferencialmente de uma variedade superior à original e provinda de Cantosi. Além disso, no período seco, essas mudas devem por um tratamento de fito hormônios e fungicidas.”

Soqueira de 7º corte com replantio pontual anual –RB96 6928

Foto: Júlio Campanhão

O consultor destaca que o ideal é replantar a área 20 dias após a colheita. “Na impossibilidade de realizar o replantio nesse período, devido à falta de estrutura de preparo de solo e irrigação, o mesmo poderá ser realizado a partir das primeiras chuvas, com cobertura apenas das falhas de 1,5m a 2m. Se possível, a recomendação é canteirizar. Deve-se também antecipar a colheita da área replantada.”