Superávit do agro paulista atinge US$ 21 bilhões no acumulado do ano
19-12-2025

Complexo sucroalcooleiro lidera a pauta

O agronegócio de São Paulo fechou os onze primeiros meses de 2025 com superávit de US$ 21,07 bilhões na balança comercial. O resultado é fruto de exportações que somaram US$ 26,35 bilhões, diante de importações de US$ 5,28 bilhões. No período de janeiro a novembro, o setor respondeu por 40,6% de tudo o que o estado exportou, enquanto as compras externas do agro representaram 6,6% do total paulista.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, o desempenho reflete um ambiente favorável à produção. Segundo ele, investimentos em ciência, infraestrutura e competitividade, aliados à redução da burocracia, têm garantido segurança ao produtor e sustentado os resultados do setor. A expectativa, afirma, é de um fechamento positivo da balança em 2025 e de manutenção do bom desempenho em 2026.

O complexo sucroalcooleiro foi o principal grupo exportador do agro paulista, com 31,3% do total embarcado e receitas de US$ 8,2 bilhões. O açúcar respondeu por 93% desse valor, enquanto o etanol representou 7%. Em seguida, o setor de carnes alcançou participação de 15,2%, com US$ 4 bilhões, sendo a carne bovina responsável por 85,1% das vendas.

Os produtos florestais somaram US$ 2,7 bilhões e participação de 10,5%, com destaque para a celulose, que respondeu por 56,2%, e o papel, com 35,1%. Os sucos tiveram participação de 9,9%, totalizando US$ 2,6 bilhões, dos quais 97,8% correspondem ao suco de laranja. O complexo soja respondeu por 8,6% das exportações, com US$ 2,2 bilhões, sendo 78,3% de soja em grão e 16,1% de farelo. Juntos, esses cinco grupos concentraram 75,5% das exportações do agronegócio paulista.

Na sequência aparece o café, com 6,2% de participação e US$ 1,6 bilhão em vendas externas, sendo 76,7% de café verde e 19,5% de café solúvel.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve crescimento das exportações de café, com alta de 39,2%, carnes, com avanço de 24,1%, e complexo soja, com leve aumento de 1,3%. Já os grupos sucroalcooleiro, produtos florestais e sucos registraram quedas de 29,6%, 4,8% e 4,9%, respectivamente. As variações refletem a combinação de mudanças nos preços internacionais e nos volumes embarcados.

A China permaneceu como principal destino do agro paulista, concentrando 24,4% das exportações, com compras sobretudo de produtos do complexo soja, carnes, açúcar e itens florestais. A União Europeia ficou na segunda posição, com 14,3% de participação, seguida pelos Estados Unidos, com 11,8%.

As exportações para o mercado norte-americano, no entanto, recuaram a partir de agosto, após o início do tarifaço. As quedas foram de 14,6% em agosto, 32,7% em setembro, 32,8% em outubro e 54,9% em novembro. Ainda assim, os Estados Unidos mantiveram-se como o terceiro maior destino das vendas do agro paulista. Segundo o diretor da Apta, Carlos Nabil Ghobril, parte dessa retração foi compensada pela ampliação dos embarques para mercados como China, México, Canadá, Argentina e União Europeia.

No fim de novembro, o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada de tarifas sobre alguns produtos brasileiros, incluindo café, frutas tropicais, sucos, cacau, especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina. A expectativa é de recuperação gradual dos embarques, embora a normalização de contratos possa levar alguns meses.

No contexto nacional, São Paulo respondeu por 17% das exportações do agronegócio brasileiro em 2025, mantendo a segunda colocação entre os estados, logo atrás de Mato Grosso, com 17,3%. Para Nabil, as perspectivas para 2026 dependerão do desempenho específico de cada cadeia produtiva, considerando as condições de safra e de mercado.

A análise mensal da balança comercial do agronegócio paulista é elaborada pelo diretor da Apta, Carlos Nabil Ghobril, em conjunto com os pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.