“Supermercado” de dados agronômicos facilita monitoramento das áreas de cana
04-10-2022

Sensor – instalado nas áreas da lavoura. Imagem divulgação Arable
Sensor – instalado nas áreas da lavoura. Imagem divulgação Arable

Com a utilização de sensores – instalados na lavoura –, tecnologia da Arable disponibiliza gama de informações importantes para a tomada de decisões e planejamento das atividades 

Renato Anselmi

Uma solução inteligente, que coleta informações sobre clima, planta e solo, está criando múltiplas possibilidades para o monitoramento, em tempo real, e o planejamento das lavouras de cana-de-açúcar. “Somos um ‘supermercado’ de dados agronômicos. Mas, da mesma forma que um consumidor não adquire para a sua casa todos os produtos que estão nas gôndolas, o nosso cliente utiliza itens específicos, customizados, para a sua cultura”, compara o engenheiro agrônomo Pedro Lian Barbieri, gerente de operações Latam da empresa Arable, que tem escritório no Brasil em Piracicaba, SP.

A tecnologia, disponibilizada pela empresa, tem basicamente dois pilares – explica. Um deles é um sensor – instalado nas áreas da lavoura – que captura não apenas as informações registradas por estações meteorológicas tradicionais, mas também diversos dados que não são normalmente encontrados no mercado. O segundo pilar é o que está na nuvem, incluindo cálculos, modelagens, visões e dados, que vão ajudar no planejamento agronômico – afirma Pedro Barbieri.

“A nossa tecnologia é simples, completa e confiável. É simples pelo fato de não exigir instalações complexas e manutenções; completa, porque – utilizando a analogia do supermercado –, a solução oferece uma gama enorme de dados, que podem ser trabalhados e customizados. E confiável, pois os sensores são conectados a uma rede global, que tem a finalidade de manter esses equipamentos calibrados todo dia. A precisão é muito alta”, salienta.

A tecnologia é simples, completa e confiável. É simples pelo fato de não exigir instalações complexas e manutenções

Imagem divulgação Arable

O sensor de dados agronômicos da Arable – conhecido também como estação meteorológica Mark 2 – é um equipamento pequeno, que pesa menos de um quilo, instalado na lavoura em pontos estratégicos, definidos conforme o tipo da cultura e o interesse em relação ao que se queira monitorar na área. Na cana-de-açúcar, um sensor atende bem geralmente 500 ou 600 hectares, desde que seja uma área contígua de plantio e uma zona homogênea de manejo – exemplifica o gerente de operações. “Mas, varia de caso para caso. Fazemos um estudo com o cliente”, observa.

Outro diferencial do sensor é contar com uma plaquinha, que possibilita a utilização de energia solar. “O equipamento se autorrecarrega, é sustentável no campo. É uma peça fechada, só possui um botão liga/desliga. Não precisa de manutenção e as calibrações são automáticas. Quando o equipamento se conecta, ele se autocalibra. Faz uma atualização igual a de aplicativo de celular”, enfatiza.

Para avaliar a umidade do solo, principalmente para quem tem interesse em fazer manejo de irrigação, o sensor da Arable oferece a opção de utilização de uma sonda que é conectada ao solo.

Outro diferencial do sensor é contar com uma plaquinha, que possibilita a utilização de energia solar

Imagem divulgação Arable

Demandas específicas - Após ser instalado no campo, o usuário da tecnologia Arable precisa se preocupar apenas em acessar informações dessa plataforma de gestão agrícola, que poderão ser utilizadas nas tomadas de decisão e no planejamento agronômico. Em relação ao clima são disponibilizados dados em tempo real e previsões para até duas semanas – observa Pedro Barbieri. Nesse item, podem ser obtidas informações – dependendo da solução customizada – sobre temperatura, precipitação, pressão atmosférica, umidade, vento, déficit de pressão de vapor, temperatura do ponto de orvalho, radiação solar, alertas (geadas, altas temperaturas).

“A plataforma ou o aplicativo pode mostrar que não há condições para a pulverização de agroquímicos por causa da ventania. Na janela de duas semanas, disponibilizada pela solução, haverá informações indicando que essa mesma operação poderá ser realizada, em condições adequadas, em dias subsequentes”, exemplifica o gerente de operações.

No caso de informações obtidas da planta, o “supermercado” Arable oferece dados relacionados à NDVI, índice de clorofila, evapotranspiração, umidade das folhas, graus dias de crescimento (GDD), balanço hídrico, temperatura do dossel, estresse por calor. Em relação ao item solo e irrigação, podem ser fornecidas informações sobre umidade, salinidade e temperatura do solo, além de tempo para realizar a irrigação.

Existem diversas possibilidades de utilização desses dados na cultura da cana-de-açúcar, segundo Pedro Barbieri. Um grupo sucroenergético já está usando a solução Arable para definir, com maior precisão, o “timing” da colheita, utilizando dados sobre a chuva por questões operacionais e informações relativas à curva de crescimento para avaliar o nível de maturação da cana – revela.

O indicador graus dias de crescimento (GDD) mostra a evolução do estado fenológico das plantas

Imagem divulgação Arable

Em relação ao desenvolvimento da cana e ao momento oportuno para a realização da colheita, o indicador graus dias de crescimento (GDD) mostra a evolução do estado fenológico das plantas. “É possível por meio dos graus dias saber quando a planta está chegando ao florescimento e à maturação”, explica.

A empresa também desenvolveu e lançou, na metade desse ano, o alerta para geadas, que já está funcional e será bastante útil ao setor, principalmente a partir de 2023, de acordo com Pedro Barbieri. “É possível ver onde vai gear, com um horizonte de pelo menos dois dias de antecedência, com uma precisão muito alta. Quando tem geada, as usinas saem a campo para fazer uma inspeção visual. Se houver uma rede de sensores, espalhados em uma determinada área, é possível saber onde exatamente teve incidência”, observa.

Diversas soluções, como a da geada, nascem a partir de uma demanda específica – afirma. “Cada cliente tem uma história, um objetivo e está em uma determinada fase. Procuramos entender qual o estágio de cada um para a elaboração de uma solução customizada”, enfatiza. Entre outras opções, a Arable pode criar algumas modelagens, por exemplo, para doenças, pragas – detalha.

Para outras demandas, que são básicas, há também as ferramentas não customizadas, que atendem o setor como um todo. Seguindo esse conceito, a empresa lançará brevemente uma ferramenta para definir o índice de risco de incêndio nas áreas de cana – revela.

 No item solo e irrigação, podem ser fornecidas informações sobre umidade, salinidade e temperatura do solo, além de tempo para realizar a irrigação

Imagem divulgação Arable

Uma das características da solução Arable é possibilitar que o cliente baixe e acesse os dados de diferentes formas. A plataforma possui – principalmente na versão web – a funcionalidade de criação de gráficos. “O cliente pode selecionar os parâmetros que quiser e montar um gráfico rápido, utilizando algumas informações”, diz. 

Há ainda a possibilidade – destaca – de baixar os dados históricos e conectá-los a um sistema gerencial.

Com quase dois anos no Brasil – que serão completados em outubro –, a Arable começou a apresentar as soluções para cana-de-açúcar esse ano. “A aceitação está muito boa. Identificamos que havia muita sinergia com o planejamento agronômico desse setor”, afirma. Sediada em São Francisco, Estados Unidos, a empresa atua em quarenta países. O escritório de Piracicaba é responsável pela regional da América Latina.

Além de serem utilizados em cana-de-açúcar, o sensor e a plataforma de gestão agrícola são usados, entre outras culturas, em soja, milho, algodão, hortifruti, flores, florestas e até pastagens.

PARA SABER MAIS:  https://learn.arable.com/cana

Fonte: CanaOnline