Tarifaço dos EUA agrava crise e pressiona cadeia da cana em Pernambuco
17-11-2025
Alepe convoca audiência pública para discutir queda de preços, riscos ao setor e medidas emergenciais para produtores
O setor canavieiro de Pernambuco acende um alerta vermelho diante do chamado “tarifaço” dos Estados Unidos. A elevação das tarifas sobre o açúcar brasileiro, somada à queda acentuada no preço pago pela cana, vem provocando o que entidades do setor classificam como uma “destruição silenciosa” da cadeia produtiva no Estado. Para novembro, a Associação Estadual dos Fornecedores de Cana (AFCP) estima em R$ 134,31 o valor da tonelada, patamar visto pela última vez em fevereiro de 2021, considerado insuficiente para viabilizar o cultivo.
A gravidade do cenário levou a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a pedido da AFCP e do Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado (Sindicape), a convocar uma audiência pública. O debate ocorrerá na Comissão de Agricultura, em 1º de dezembro, às 9h30, no auditório Ênio Guerra, por requerimento do deputado Antônio Moraes. A comissão é presidida por Luciano Duque, tendo Ninho de Enoque como vice.
O tema também repercutiu recentemente no plenário. O deputado Jarbinhas chamou atenção para a deterioração das condições econômicas do setor e defendeu que o governo federal adote uma subvenção emergencial de R$ 12 por tonelada produzida em Pernambuco, medida semelhante à implementada nos governos Lula e Dilma durante o período de forte seca, quando a ajuda federal foi decisiva para evitar colapsos produtivos.
No âmbito federal, o deputado Meira apresentou, a pedido da AFCP, uma emenda ao PL 1309/25, que tramita no Congresso e busca mitigar os efeitos da taxação norte-americana sobre o etanol e do fim da cota de isenção para parte do açúcar produzido no Norte e Nordeste.
As entidades do setor afirmam que, além das ações em Brasília, é fundamental o engajamento do Governo de Pernambuco na construção de soluções. O tarifaço, alertam, ameaça não apenas os produtores, mas toda a economia estadual, atingindo empregos, comércio, arrecadação e um dos pilares do PIB pernambucano.

