“Temos que dobrar ou triplicar a produção; mas isso não será possível com 85 t/ha e 130 kg de ATR”
05-01-2016
As expectativas para 2016 são positivas, na opinião de Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Algumas boas notícias colhidas em 2015 trouxeram certo fôlego ao setor à medida que contribuíram para a recuperação da rentabilidade da atividade, como o retorno da CIDE – embora menor do que o que vigorava anteriormente -, o aumento da adição de anidro à gasolina (de 25% para 27%), reajuste do preço da gasolina, além da mudança de ICMS em diferentes estados favoravelmente ao biocombustível.
Mas para que o setor possa voltar a crescer e de maneira sustentável, o principal item da equação é a melhoria do ambiente institucional, com previsibilidade. “Isso é essencial para a recuperação do setor sucroenergético.”
Mas outro fator é importante para que o segmento tenha condições de aproveitar as oportunidades que poderão surgir nos próximos anos: o aumento da eficiência industrial e agrícola.
CRESCIMENTO VERTICAL
Segundo Padua, um horizonte favorável pode surgir para os biocombustíveis a partir do compromisso que o Brasil assumiu na COP-21, conferência que aconteceu em Paris em dezembro de 2015. “Hoje o Brasil tem 27 bilhões de litros no mercado de carburante e a meta assumida pelo país é que esse patamar seja levado, em 2030, a praticamente 50 bilhões de etanol carburante na matriz de combustíveis brasileira. “Seria sair de 27 para 50 bilhões de litros. Um incremento de 80% no volume.”
Atualmente, dois produtos derivados da cana-de-açúcar (etanol e bioeletricidade) representam 16% da matriz energética total do país (energia + combustíveis). Pela proposta do governo, essa relação será mantida até 2030. “Mas a aposta é de um crescimento da ordem de 4% a 4,5% na demanda de energia do país de agora até 2030. É isso levará à meta de 50 bilhões de litros de etanol em 2030”, diz.
Mas o setor somente conseguirá contribuir com essa meta se romper com a tecnologia atual. “Apesar de ter ainda muitos ganhos possíveis em cima da tecnologia atual, não vai ser em cima de 85 t de cana por hectare ou com 130 kg de ATR por hectare que vamos romper essa realidade. Temos que ter um rompimento forte, que permita triplicar, quadruplicar o produto por hectare. Aí vem sim o esforço de primeiro começar aproveitando toda tecnologia que existe atualmente.”
Além disso, ele destaca que o setor não terá o etanol que planeja para 2030 com cana-de-açúcar a R$ 70 ou R$ 80 a tonelada. “Esse patamar será muito caro. Temos que romper a tecnologia para jogar esse custo lá embaixo, para aproveitar o mercado que está aí. Senão ficamos do tamanho que está. Temos hoje mais de 200 milhões de toneladas de cana que vão para hidratado. Temos sim é que dobrar ou triplicar essa cana que vai para o hidratado dada a oportunidade que temos hoje no setor.”
Mas o crescimento vertical da produção somente vai se concretizar se forrem criadas políticas públicas que viabilizem investimentos traçados com este objetivo.
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