Tempo seco e queimadas fazem preço do etanol cair e exportação de açúcar remunerar mais que mercado doméstico, aponta USP
11-09-2024
Queimadas que atingiram áreas de cana no interior de SP geraram apreensão no setor, indica Esalq em Piracicaba (SP). Cenário também elevou cotações do açúcar demerara na Bolsa de Nova York.
Por Claudia Assencio, g1 Piracicaba e Região
O tempo seco e queimadas fizeram os preços dos etanóis hidratado e anidro caírem entre as usinas paulistas e as exportações de açúcar remunerarem mais que vendas internas em agosto, conforme aponta levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do Campus Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP).
O preço do etanol na primeira semana de setembro também já apresenta novos recuos.
"A a safra de cana-de-açúcar 2024/25 caminha cheia de incertezas, relacionadas especialmente ao volume a ser processado e às produções de açúcar e de etanol, por conta dos impactos da seca e de incêndios no final de agosto", afirma o Cepea em boletim mais atualizado.
De 2 a 6 de setembro, conforme levantamento do Centro da Esalq-USP, a procura por etanol hidratado esteve baixa e chegou ao menor volume do biocombustível comercializado por usinas paulistas na temporada 2024/25. O valor no período fechou em R$ 2,5081/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), o que representa recuo de 1,88% frente à semana anterior.
O Indicador Cepea/Esalq para o anidro nesta semana subiu 0,65% e fechou em R$ 2,9358 o litro, considerando valor líquido de impostos, segundo a pesquisa.
Agosto
Em agosto, considerado um dos meses de pico de colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, a média do Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado foi de R$ 2,5827 o litro nas semanas cheias do mês, queda de 0,78% na comparação com o período anterior.
"Os preços dos etanóis hidratado e anidro encerraram agosto enfraquecidos no segmento produtor do estado de São Paulo. Ainda que a demanda pelo biocombustível tenha seguido firme ao longo do mês, o volume produzido – e, consequentemente, a oferta no spot paulista – esteve um pouco maior", comentam os pesquisadores do Cepea para o setor.
Para o anidro, somente na modalidade spot, a média das semanas cheias de agosto recuou 1,2%, a R$ 2,9526 o litro.
As atenções de agentes do mercado, segundo análises do Cepea, se voltam ao volume e à qualidade da cana-de-açúcar do ciclo seguinte (2025/26), que vêm sendo prejudicados pelo clima seco.
Somado ao clima seco, as queimadas em áreas de cana em pé e/ou em fase de rebrota que dariam origem à próxima colheita também geram apreensão sobre o setor. "Algumas usinas ainda computam os prejuízos no campo", conforme levantamento do Cepea.
Açúcar cristal
As cotações do açúcar cristal branco praticados no mercado spot do estado de São Paulo encerraram agosto em alta.
"O impulso veio do clima seco em regiões produtoras e também de queimadas mais localizadas em praças paulistas, que vêm prejudicando as lavouras de cana-de-açúcar", ressalta o Cepea.
Cenário eleva cotação na Bolsa de Nova York
O cenário também elevou com força as cotações do açúcar demerara negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures).
"O valor equivalente das exportações voltou a recuperar a vantagem frente aos preços domésticos", observa estuda.
Cálculos apontam que, de 26 a 30 de agosto, enquanto a média semanal do Indicador do Açúcar Cristal Cepea/Esalq foi de R$ 131,20 a saca de 50 quilos, a das cotações do contrato nº 11 da ICE Futures (vencimento Outubro/24) foi de R$ 134,72 a saca.
Assim, as vendas externas remuneraram 2,68% a mais que o spot paulista.
Fonte: G1

